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TENTAÇÃO

CORAÇÃO POLAR Manuel Alegre Há um eu errante e mareante Não mais que um signo, Um batimento, Um coração polar Algo que tem a cor do gelo E do antárctico E sabe a sul A medo a tentação Uma irremediável navegação interior Um navio fantasma Amor fantástico Não é como nos sentimos, todos, uma vez na vida? Sem rumo, sem destino, perdidos no labirinto da paixão, que pode ser gelada ou ter o calor dos trópicos.

SENTIMENTOS

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REPETIR O POEMA Isabel de Sá Só o lume dos teus beijos rompe A treva onde a solidão nos mata Enrolamos a vida no escuro, Na semente de um amor atribulado. Conhecemos o ritmo e a sede, A convulsão do desamparo. No sentido do corpo, no acerto Desce a força pelos braços Na violenta festa do prazer. Tudo o que disseste No desaforo da paixão Só podia incendiar a vida inteira E encher de esperança o universo Perfeita descrição do que sinto neste momento; se é ilusão, se tiver que o admitir mais tarde, pelo menos gozei o momento! Nunca me senti tão completa; nunca em mim descobri sentimentos tão avassaladores! Será que o meu corpo,desta vez, transmitiu os sinais correctos e alguém os identificou correctamente?

UM DIA DE OIRO

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Espero sempre por ti o dia inteiro, Quando na praia sobe de cinza e oiro, O nevoeiro, E há em todas as coisas o agoiro De uma fantástica vinda de Sophia de Mello Breyner Andresen A promessa de um dia de sol, a vinda de alguém que não vemos há anos, o regresso a casa do amor, do filho, da irmã ou mesmo o nosso. Quando se dissipa o nevoeiro, tal como a Sophia diz, alguma coisa dourada fica!

APESAR DE

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Apesar das ruinas e da morte, onde sempre acabou cada ilusão, a força dos meus sonhos é tão forte, que de tudo renasce a exaltação. E nunca as minhas mãos ficam vazias. Sophia de Mello Breyner Anderson - Poesia É, Sophia, as nossas mãos nunca ficam vazias quando sonhamos, nem que seja por um minuto! Obrigada por me ajudares a compreender que posso transformar a minha vida, sonhando, como agora faço, com as palavras que tu escreveste e que nunca serão esquecidas.

MAGOAR

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IMPROVISO NA MADRUGADA Húmido de beijos e de lágrimas, ardor da terra, com sabor a mar, o teu corpo perdia-se no meu. (Vontade de ser barco ou de cantar) Eugénio de Andrade O meu corpo não se perde no teu, porque tu não queres; não me queres magoar! Mas não sei o que me magoa mais - o facto de não me queres magoar ou de me estares mesmo a magoar com o teu silêncio e com a tua distância!

SIMPLES

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DESPERTAR É um passáro, é uma rosa É o mar que me acorda? Passáro ou rosa ou mar tudo é ardor, tudo é amor. Acordar é ser rosa na rosa, Canto na ave, água no mar Eugénio de Andrade Será apenas uma visão simples do amor? Porque é que o amor é, por vezes, igual a desilusão? Ou porque é que nos criticam quando queremos que seja assim? Simples, como a rosa, como o passáro ou o mar!!!
Somos folhas breves onde dormem as aves de sombra e solidão. Somos só folhas e o seu rumor Inseguros, incapazes de ser flor até a brisa nos perturba e faz tremer. Por isso, cada gesto que fazemos, cada ave se transforma noutro ser Eugénio de Andrade - Somos folhas breves Encontrei este poema no Jardim dos Sentimentos, nos Jardins do Palácio de Cristal. O Jardim é lindo e só um poema escrito com o coração e com alma poderia lá estar! Como eu, Eugénio de Andrade amava profundamente esta cidade e hoje, que me sinto perturbada, procurei a paz dos Jardins e a vista maravilhosa para o rio para me redescobrir .