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PERDER A COR

Como dizer-te que povoas o meu sono ao cair da noite, quando o dia termina, despertando sensações há muito escondidas em mim. Como dizer-te que a tua voz me possui, entrando no meu ouvido, como seta directa ao coração. Como dizer-te das sensações primeiras coração aberto sorriso franco em sangue quente que me inunda e me dá alento. Como dizer-te que és maré alta em noite de lua cheia. Como dizer-te. Poema de Menina Marota (Otília Martel) em "Um desnudar de alma" O meu comentário???? Como dizer-te enfim... Amo-te, quero-te, desejo-te..... Como explicar-te o desnudar do meu corpo?? Como está tudo à flor da pele e que basta tocares-me.... Para que todo este sangue quente jorre... Pinte o desejo no meu corpo e te reencontre..... No cheiro, no suor, na saliva.... Na carne, enfim.... Como dizer-te tudo isso...... se as palavras perdem as cores.....

DESERTO DE SENTIMENTOS

REMATE PARA QUALQUER POEMA» «Passeou pelos espelhos dos dias suas clandestinas alegrias que mal se reflectiram desertaram» In: «AQUELE GRANDE RIO EUFRATES» Rui Belo   enviado por JPD   O meu comentário???? Como posso escrever um poema se eu próprio sou uma sombra? Como posso falar no Sol e na Lua se não os olho de frente? Como pude deixar que o dia  se transformasse num pesadelo? Como a vida se resume a duas pequenas e ingratas palavras..... Se fui ingrato para com o que vida me deu.... Ou acreditei demais no que ela me disse..... Estou desiludido, sinto-me abandonado.... Não pela vida; por a ter afastado da alegria e vivermos, os dois, num deserto de sentimentos..

ISSO

Por teus olhos negros, negros Trago eu negro o coração, De tanto pedir-lhe amores... E eles a dizer não. E mais não quero outros olhos, Negros, negros como são; Que os azuis dão muita esp'rança Mas fiar-me eu neles, não. Só negros, negros eu os quero; Que, em lhes chegando a paixão, Se um dia disserem sim... Nunca mais dizem que não "Olhos Negros" de Almeida Garrett O meu comentário??? Os meus olhos são castanhos... Nunca te perguntei se gostavas deles... Sempre me olhaste nos olhos... Sempre me amaste com os teus bem abertos... Como se quisesses memorizar todos os traços do meu rosto.... Se me procuras, se me desejas... Se eu te quero, se eu te abraço.... Se o que lemos nos olhos um do outro é a paixão que sentimos.... Basta saber isso.....

UM CRIME

entre a saliva e os sonhos há sempre uma ferida de que não conseguimos regressar e uma noite a vida começa a doer muito e os espelhos donde as almas partiram agarram-nos pelos ombros e murmuram como são terríveis os olhos do amor quando acordam vazios De Alice Vieira, "Amor e Outros Crimes em Vias de Perdão" O meu comentário??? Vazios de amor e de vida.... Os olhos que se fixam no espelho e não se reconhecem... Feridos, desiludidos, distantes... Os ombros estão contraídos; a boca está seca... As palavras enrolam-se, sem sedução, sem sonhos.... E isso é realmente um crime.....

IMPESSOAIS

A minha casa é concha. Como os bichos Segreguei-a de mim com paciência: Fechada de marés, sonhos e lixos, O horto e os muros só de areia e ausência. Minha casa sou eu e os meus caprichos. O orgulho carregado de inocência Se às vezes dá uma varanda, vence-o O sal que os santos esboroou nos nichos. E telhosada de vidro, e escadarias Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso! Lareira aberta pelo vento, salas frias. A minha casa...Mas é outra a história: Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço, Sentado numa pedra de memória de Vitorino Nemésio "A Concha" O meu comentário??? Nunca devemos fechar a casa aos sonhos... Ás vezes, é tudo o que enche as salas vazias... Não se acende a lareira, porque desapareceu o prazer e o riso... Há quem esteja orgulhosamente só; para outros, é estar-se dolorosamente só... Foge-se e abandona-se a casa para se esquecer o silêncio ventoso... O vento é sempre mais forte quando estamos sozinhos... Há dias em que não gosto das memórias da casa... E...

APENAS AMOR

A idade não protege contra o amor, mas o amor, na medida certa, protege contra a idade Jeanne Moreau, actriz francesa O meu comentário???? Porque vivemos intensamente.... Eternamente, sem culpas, sem dúvidas.... Aprendemos a estar tranquilos,  seguros.... Tão velho como o mundo... o amor... Seguro de si e nada vaidoso, se vivido na essência... Pena que haja quem o confunda e o trate como banal... Porque, de banal o amor não tem nada... É apenas amor.....

AFECTOS

Vento que passas Nos pinheirais Quantas desgraças Lembram os teus ais. Quanta tristeza, Sem o perdão De chorar, pesa No coração. E ó vento vago Das solidões Traze um afago Aos corações. À dor que ignoras Presta os teus ais, Vento que choras Nos pinheirais Poema de Fernando Pessoa, "Vento que passas" O meu comentário???? Nem sempre o Vento nos afaga.... Assusta-nos.... Grita como se a culpa fosse nossa.... Ou será que quer apenas atenção??? Poderá estar tão só como nós... A fúria ser as lágrimas que se escondem o nosso olhar.... Não haver nada de vago e assustador... Porque somos apenas almas à procura de afectos...