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OUTRA VEZ

Abri minha janela ao vento norte A ver se o frio me acordava De um sonho em que eu próprio duvidava. - No céu brilhavam estrelas mais que nunca. Em vão, desde então, eu procurei Lembrar o seu olhar, a sua imagem Tão bela, tão perfeita, mais miragem. - No céu brilhavam estrelas mais que nunca. Ruy Cinatti O meu comentário??? Porque estamos apaixonados... Na euforia, no ardor da paixão... Não pensamos em mais nada..... Apenas no que nos veste.... Como o vento que entra pela janela e nos acaricia o corpo... E amamo-nos outra vez.....

HORAS DEMAIS

Regresso devagar ao teu sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que não é nada comigo. Distraído percorro o caminho familiar da saudade, pequeninas coisas me prendem, uma tarde num café, um livro. Devagar te amo e às vezes depressa, meu amor, e às vezes faço coisas que não devo, regresso devagar a tua casa, compro um livro, entro no amor como em casa. Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde" O meu comentário???? Memórias felizes de momentos.. Em que se amou com a verdade da partilha... É a conversa no café, cheia de brincadeiras e risos.... A corrida até ao mar e o beijo demorado às escondidas do sol... É o livro novo em folha, a discussão saudável do tema.... Amar, na verdade, sem pressa.... Parar o tempo naquele momento em que sentimos que estamos longe demais, horas demais fora da casa e dos braços abertos....

SEM SONHAR

Não o Sonho Talvez sejas a breve recordação de um sonho de que alguém (talvez tu) acordou (não o sonho, mas a recordação dele), um sonho parado de que restam apenas imagens desfeitas, pressentimentos. Também eu não me lembro, também eu estou preso nos meus sentidos sem poder sair. Se pudesses ouvir, aqui dentro, o barulho que fazem os meus sentidos, animais acossados e perdidos tacteando! Os meus sentidos expulsaram-me de mim, desamarraram-me de mim e agora só me lembro pelo lado de fora. Manuel António Pina, in "Atropelamento e Fuga" O meu comentário??? E expulso de mim.... o que vejo e o que sinto???   Quem sou eu e porque deixei de sonhar??? Não consigo olhar para dentro... Para dentro de mim e sei que o tempo parou algures....   Nesse dia em que deixei de te sonhar e de te ouvir... Deixei de me amar.... Não mergulho mais na profundidade das coisas... Da vida, de mim.....

ABENÇOAR

Agora é tarde para novo rumo Dar ao sequioso espírito; outra via Não terei de mostrar-lhe e à fantasia Além desta em que peno e me consumo. Aí, de sol nascente a sol a prumo, Deste ao declínio e ao desmaiar do dia, Tenho ido empós do ideal que me alumia, A lidar com o que é vão, é sonho, é fumo. Aí me hei de ficar até cansado Cair, inda abençoando o doce e amigo Instrumento em que canto e a alma me encerra; Abençoando-o por sempre andar comigo E bem ou mal, aos versos me haver dado Um raio do esplendor de minha terra. ALBERTO DE OLIVEIRA (Poeta Brasileiro 1857-1937) O meu comentário??? Não creio que seja tarde... Nem para sonhar ... Nem para dar um novo rumo à vida... Abrir a alma a novos prazeres... Abençoando o tempo.... Por aquilo que nunca se teve tempo para se olhar verdadeiramente.. A terra onde nascemos....

ESTRANHAMENTE

Acreditei no mar Percorri a umbria de um eclipse que nas vagas não reflectia Apaguei os olhos e sorri com uma lágrima Ao abrir, fitei o azul o azul do céu ,do mar e da lua Ouvi então estremecerem as ondas e a areia lacrimar. Voltaram os raios lunares, voltei ao luar da noite húmida e fria em que me movo e te deito. Minha gárgula de vida, meu eterno mar. Nuno Travanca O meu comentário??? Em ti, encontro a minha paz... Tudo o que escondi de mim próprio... Liberta-se e encaixa-se na razão... Da minha vida.... Posso chorar e sei que não te importas.... Porque estás a chorar comigo??? Porque te levo na alma e te abraço sempre que me sinto sozinha? Devolves-me esse abraço, essa paz.... Nada mais dizes.... Porque, estranhamente, eu já sei o que tenho a fazer.....

OUSADIA

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Barco Negro Amália Rodrigues Composição : David Mourão-Ferreira De manhã, que medo, que me achasses feia! Acordei, tremendo, deitada n'areia Mas logo os teus olhos disseram que não, E o sol penetrou no meu coração.[Bis] Vi depois, numa rocha, uma cruz, E o teu barco negro dançava na luz Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas Dizem as velhas da praia, que não voltas: São loucas! São loucas! Eu sei, meu amor, Que nem chegaste a partir, Pois tudo, em meu redor, Me diz qu'estás sempre comigo.[Bis] No vento que lança areia nos vidros; Na água que canta, no fogo mortiço; No calor do leito, nos bancos vazios; Dentro do meu peito, estás sempre comigo O meu comentário??? E na loucura.... Amanhecemos todos.... Em perguntas tolas... Em suspiros profundos... Desilusões num turbilhão... Agarramo-nos à esperança como se não soubessemos... O significado da luz e do negro.... E o que fica, além das memórias, é o mar.... P.S.: Que me perdoem a Amá...

POSITIVAMENTE

Este foi o nosso último abraço. E quando, daqui a nada, deixares o chão desta casa encostarei amorosamente os lábios ao teu copo para sentir o sabor desse beijo que hoje não daremos. E então, sim, poderei também eu partir, sabendo que, afinal, o que tive da vida foi mais, muito mais, do que mereci. Maria do Rosário Pedreira O meu comentário??? E sentirei mais coisas... Lembrar-me-ei do teu sorriso.... Da tua alegria em viver.... Ajudaste-me a saborear a vida.... A compreender os labirintos que temos que atravessar.... Sem medo, ou mesmo que se tenha, a enfrentá-lo... Espero que também te lembres de mim... Como alguém que viveu contigo... Positivamente......