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VAZIO

É por ti que eu escrevo horas a fio no frio das madrugadas suadas nas noites quentes de tempestade nos restos de papel sempre perdidos no vazio imperceptível no sonâmbulo fantasma da vida no íman da música de jazz na incrível deambulação do tempo no incontornável momento da palavra escrevo por ti, o eu incógnito, espelho desfocado da finura dos dias. HELENA FARIA MONTEIRO   O meu comentário??? E o que dizer mais???? Sobre ti e sobre a vida??? Num papel que só tem o teu nome... Qual fantasma que atormenta o meu pensamento... Porque escrevo, escrevo e de ti, nem uma palavra... Um gesto, um sorriso, um abraço... E só preencho esse vazio com a música.... Que, também não entendias.....  

POEMA

Agarrei no ar... Agarrei no ar um véu esmaecido de azul, igual ao azul do céu iluminado pela lua. Eu passo a vida a sonhar iluminado pela lua.                    Ruy Cinatti O meu comentário???? Quem não gosta de sonhar??? Ou de escrever à luz da lua, um poema de amor? Sem dizer mais nada.... Porque um poema de amor é isso..... Mesmo que fique apenas escrito no coração...

OUTRA VEZ

Abri minha janela ao vento norte A ver se o frio me acordava De um sonho em que eu próprio duvidava. - No céu brilhavam estrelas mais que nunca. Em vão, desde então, eu procurei Lembrar o seu olhar, a sua imagem Tão bela, tão perfeita, mais miragem. - No céu brilhavam estrelas mais que nunca. Ruy Cinatti O meu comentário??? Porque estamos apaixonados... Na euforia, no ardor da paixão... Não pensamos em mais nada..... Apenas no que nos veste.... Como o vento que entra pela janela e nos acaricia o corpo... E amamo-nos outra vez.....

HORAS DEMAIS

Regresso devagar ao teu sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que não é nada comigo. Distraído percorro o caminho familiar da saudade, pequeninas coisas me prendem, uma tarde num café, um livro. Devagar te amo e às vezes depressa, meu amor, e às vezes faço coisas que não devo, regresso devagar a tua casa, compro um livro, entro no amor como em casa. Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde" O meu comentário???? Memórias felizes de momentos.. Em que se amou com a verdade da partilha... É a conversa no café, cheia de brincadeiras e risos.... A corrida até ao mar e o beijo demorado às escondidas do sol... É o livro novo em folha, a discussão saudável do tema.... Amar, na verdade, sem pressa.... Parar o tempo naquele momento em que sentimos que estamos longe demais, horas demais fora da casa e dos braços abertos....

SEM SONHAR

Não o Sonho Talvez sejas a breve recordação de um sonho de que alguém (talvez tu) acordou (não o sonho, mas a recordação dele), um sonho parado de que restam apenas imagens desfeitas, pressentimentos. Também eu não me lembro, também eu estou preso nos meus sentidos sem poder sair. Se pudesses ouvir, aqui dentro, o barulho que fazem os meus sentidos, animais acossados e perdidos tacteando! Os meus sentidos expulsaram-me de mim, desamarraram-me de mim e agora só me lembro pelo lado de fora. Manuel António Pina, in "Atropelamento e Fuga" O meu comentário??? E expulso de mim.... o que vejo e o que sinto???   Quem sou eu e porque deixei de sonhar??? Não consigo olhar para dentro... Para dentro de mim e sei que o tempo parou algures....   Nesse dia em que deixei de te sonhar e de te ouvir... Deixei de me amar.... Não mergulho mais na profundidade das coisas... Da vida, de mim.....

ABENÇOAR

Agora é tarde para novo rumo Dar ao sequioso espírito; outra via Não terei de mostrar-lhe e à fantasia Além desta em que peno e me consumo. Aí, de sol nascente a sol a prumo, Deste ao declínio e ao desmaiar do dia, Tenho ido empós do ideal que me alumia, A lidar com o que é vão, é sonho, é fumo. Aí me hei de ficar até cansado Cair, inda abençoando o doce e amigo Instrumento em que canto e a alma me encerra; Abençoando-o por sempre andar comigo E bem ou mal, aos versos me haver dado Um raio do esplendor de minha terra. ALBERTO DE OLIVEIRA (Poeta Brasileiro 1857-1937) O meu comentário??? Não creio que seja tarde... Nem para sonhar ... Nem para dar um novo rumo à vida... Abrir a alma a novos prazeres... Abençoando o tempo.... Por aquilo que nunca se teve tempo para se olhar verdadeiramente.. A terra onde nascemos....

ESTRANHAMENTE

Acreditei no mar Percorri a umbria de um eclipse que nas vagas não reflectia Apaguei os olhos e sorri com uma lágrima Ao abrir, fitei o azul o azul do céu ,do mar e da lua Ouvi então estremecerem as ondas e a areia lacrimar. Voltaram os raios lunares, voltei ao luar da noite húmida e fria em que me movo e te deito. Minha gárgula de vida, meu eterno mar. Nuno Travanca O meu comentário??? Em ti, encontro a minha paz... Tudo o que escondi de mim próprio... Liberta-se e encaixa-se na razão... Da minha vida.... Posso chorar e sei que não te importas.... Porque estás a chorar comigo??? Porque te levo na alma e te abraço sempre que me sinto sozinha? Devolves-me esse abraço, essa paz.... Nada mais dizes.... Porque, estranhamente, eu já sei o que tenho a fazer.....