sexta-feira, junho 06, 2008

AMAR-SE


Os amantes

Se haviam encontrado

faz pouco

e logo se haviam separado,

levando cada um consigo

seu nunca ou seu jamais sua

afirmação de esquecimento

sua golpeadora dor.

Porém o último beijo

que voara de suas bocas,

era um planeta azul.

Girando

entorno a sua ausência

e eles

viviam de sua luz

igual que de sua recordação.

de Otto Rene Catillo


O meu comentário???
Amar às escondidas...


Esconder na ausência e nas recordações....


O sentimento que os faz vibrar.....


Os torna cúmplices...


E os une cada vez.....


Saboreia-se um pecado ou simplesmente ama-se....


Sem se estar verdadeiramente preso a convenções....


Até se desafiam.....

quarta-feira, junho 04, 2008

PAISAGEM

ALENTEJO


A luz que te ilumina,

Terra da cor dos olhos de quem olha!

A paz que se adivinha

Na tua solidão

Que nenhuma mesquinha

Condição

Pode compreender e povoar!

O mistério da tua imensidão

Onde o tempo caminha

Sem chegar!...

(Miguel Torga - poema enviado por mail)






O meu comentário???


O que dizer??



Sente-se em cada uma destas palavras....


como o poeta deixou que o olhar se perdesse...


Decorou a beleza simples da paisagem....


Sentiu-a intocável....


Refugiu-se na luz e na paz...


que nela leu....



Não a invejou.....apenas a amou.......



terça-feira, junho 03, 2008

SOLITÁRIO

É uma brisa leve

Que o ar um momento teve

E que passa sem ter

Quase por tudo ser.

Quem amo não existe.

Vivo indeciso e triste.

Quem quis ser já me esquece

Quem sou não me conhece.

E em meio disto o aroma

Que a brisa traz me assoma

Um momento à consciência

Como uma confidência. "
("É uma brisa leve", Poema de Fernando Pessoa - enviado por mail)




O meu comentário???

O que dizer???

Tristeza descrita nas entrelinhas...

Desejos que não se confessam....

O limiar...o passo que não se deu.....

Restam apenas os passeios solitários....

As viagens por lugares familiares....

.............onde sabemos que não seremos rejeitados...

Apenas tolerados....

A tristeza ainda maior................

segunda-feira, junho 02, 2008

PORMENORES

Quando Eu de Alberto Caeiro


Quando eu não te tinha



Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.



Agora amo a Natureza



Como um monge calmo à Virgem Maria,



Religiosamente, a meu modo, como dantes,



Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...



Vejo melhor os rios quando vou contigo



Pelos campos até à beira dos rios;



Sentado a teu lado reparando nas nuvens



Reparo nelas melhor —



Tu não me tiraste a Natureza ...



Tu mudaste a Natureza ...



Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,



Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,



Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,



Por tu me escolheres para te ter e te amar,



Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente



Sobre todas as cousas.



Não me arrependo do que fui outrora



Porque ainda o sou.









O meu comentário???



Por vezes, deixamos que sejam os outros a decidirem sobre a nossa vida...

Anulamo-nos....no fundo, estamos longe de nós próprios e dos outros....

A vida inteira....ou algo rasga esse véu que nos turvou a visão........

Parte-se a redoma, quebra-se a rotina imposta....

Deslumbramo-nos com coisas sempre presentes...

.......mas que nunca vimos em pormenor...

Os pormenores são importantes...

Tal como o poeta diz...lamentos, arrependimento???

Perda de tempo.....

Nunca será....~

Seguir tranquilamente o trajecto na lua no céu ....