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A mostrar mensagens de 2010

VIAGEM SEM FIM

É o vento que me leva. O vento lusitano. É este sopro humano Universal Que enfuna a inquietação de Portugal. É esta fúria de loucura mansa Que tudo alcança Sem avançar. Que vai de céu em céu. De mar em mar. Sem nunca chegar. E esta tentação de me encontrar Mais rico de amargura Nas pausas de ventura De me procurar... "Viagem" de Miguel Torga, Diário XII O meu comentário??? Uma viagem sem fim... Nunca nos conhecemos totalmente..... Nunca dizemos tudo.... Entregamos a vida ao Vento..... Vagueamos com ele, libertamo-nos dessa amargura que fica... Quando tudo desaparece e ficamos sós.... Chora-se, grita-se, lamenta-se... E continuamos à procura.... De quê??? Um sentido, uma palavra de alento, uma esperança.......... No tempo, na vida....

MOMENTOS MEMORÁVEIS

Foi bonito O meu sonho de amor Floriram em redor Todos os campos em pousio. Um sol de Abril brilhou em pleno estio, Lavado e promissor. Só que não houve frutos Dessa Primavera. A vida disse que era Tarde demais. E que as paixões tardias São ironias Dos deuses desleais "Frustração" de Miguel Torga, Diário XV O meu comentário??? Não há paixões tardias.... Há apenas paixões... E momentos para viverem em nós.... Às vezes, espera-se demais e elas fogem.... Outras, encostam-se devagar.... E descobrimos um labirinto de emoções desconhecidas... Que percorrem os corredores da vida, afastando essas ironias e essas deslealdades... Por momentos memoráveis......

PRINCIPE ESFARRAPADO

Percorro o dia, que esmorece Nas ruas cheias de rumor; Minha alma vã desaparece Na minha pressa e pouco amor. Hoje é Natal. Comprei um anjo, Dos que anunciam no jornal; Mas houve um etéreo desarranjo E o efeito em casa saiu mal. Valeu-me um princípe esfarrapado A quem dão coroas no meio disto, Um moço doente, desanimado... Só esse pobre me pareceu Cristo. "Natal Chique" de Vitorino Nemésio O meu comentário??? Não tenho pressa... O tempo que tenho dedico-o ao meu princípe esfarrapado... Perdido em memórias que não são bem memórias... O tempo não é nada; o mundo...o que é o mundo? Não sei responder, porque não há palavras.... Há, sim, amor e dedicação.... Todos os dias do ano, sem excepção.... O meu princípe esfarrapado é o meu Pai.... 88 anos, doente de Alzheimer. .... O "Com Amor" deseja-vos um Feliz Natal e um Bom Ano 2011....

A ÚNICA COISA

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada E que os pés dos pobres me estivessem pisando... Quem me dera que eu fosse os rios que correm E que as lavadeiras estivessem à minha espera... Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio E só tivesse o céu por cima e a água por baixo... Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro E que me batesse e me estimasse... Antes isso que ser o que atravessa a vida Olhando para trás de si e tendo pena.. "Quem me dera que eu fosse o pó da estrada" de Alberto Caeiro O meu comentário???? O sabor amargo da derrota... O desalento e a tristeza tão latentes... Nas lágrimas que sinto em cada uma das palavras... Porque também olhei para trás e tive pena.... Não é para trás que devemos olhar; é caminhar em frente... Disfarçar a dor num sorriso, que hoje não está no olhar, mas amanhã quem sabe??? São pequenos passos, pequenas vitórias,  mas acontecem.... E valem a pena, porque nos ensinam que a única coisa de que devemos ter pena é termos perd

CHEIROS, EMOÇÕES E SENTIMENTOS

Ás vezes, em dias de luz perfeita e exacta, Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter, Pergunto a mim próprio devagar Porque sequer atribuo eu Beleza às coisas. Uma flor acaso tem beleza? Tem beleza acaso um fruto? Não: têm cor e forma E existência apenas. A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe. Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão. Não significa nada. Então, porque digo eu das coisas: são belas? Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver, Invisíveis,  vêm ter comigo as mentiras dos homens. Perante as coisas. Perante as coisas que simplesmente existem. Que difícil ser próprio e não ser senão o vísivel! "Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta" de Alberto Caeiro O meu comentário??? Claro que significa... Sem a beleza, as mentiras dos homens seriam ainda mais duras... A luz deixaria de ser perfeita e o simples não existiria.... Não é o visível que se procura; é o que está por detrás desse visível.... Muito mais que a forma e a cor.... É o

RIMAS VERDADEIRAS

Não me importo com as rimas. Raras vezes Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra. Penso e escrevo como as flores têm cor. Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me. Porque me falta a simplicidade divina De ser todo só o meu exterior. Olho e comovo-me. Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado. E a minha poesia é natural como levantar-se o vento. "Não me importo com as rimas" de Alberto Caeiro O meu comentário??? É simples e é divino.... Exactamente por isso... Por ser natural e falar com alma... Da cor das flores, das lágrimas que insistem em espreitar... Do vento que nos acaricia e nos enlouquece... Da fantasia que rompe a escuridão... Do simples acto de respirar e estar presente.... Em rimas verdadeiras....

TOLERANTES

Não sou a areia onde se desenha um par de asas ou grades diante de uma janela. Não sou a pedra que rola nas marés do mundo, em cada praia renascendo outra. Sou a orelha encostada na concha da vida, sou construção e desmoronamento, servo e senhor e sou mistério. A quatro mãos escrevemos este roteiro para o palco da minha vida; o meu destino e eu. Nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério. "Convite" de Lya Luft (Santa Cruz do Sul, RS, n.1938) O meu comentário??? O verdadeiro mistério... é saber como continuamos vivos... Se dominamos o mundo ou se ele nos domina. Se vamos encontrar resposta para todas as questões ou só para algumas. O que é o destino? Que papel desempenhamos nele? Talvez seja a loucura ou a tolerância. Ou a resposta esteja no respeito. Por aquilo que somos... Mesmo que sejamos a tal pedra, escondida na areia e que se atira novamente para o mar....

TÃO MAL

Il recuille toute la beauté Qui l'entoure aux creux de ses mains Il prend le chemin de la liberté Et il fait un voyage lá au loin. Partir en vérité ou en rêve? Il doit choisir une seule solution La vie est tellement brève Qu' il ne se fasse pas d'illusion! Qu'il soit prudent ou intrépide Il doit prendre cette décision, Qu'il danse ou vole comme une sylphide Il décide de sa propre évasion. Qu'il ne regarde pas en arriére Et emmène tous ses souveniers Ceux de sa vie toute entière S'il ne pouvait au départ revenir. Rencontrera-t-il l'amour? Sera-t-il sur son passage? Qui sait si un beau jour Il trouvera de lui un message. Comme un Songe dans une nuit d'Été, A force de chercher dans les contes, Il oublie que ce sentiment, l'amitié Est très souvent laissé pour compte. Reveille-toi, mon cher ami Ouvre tout grands les yeux. Car c'est moi qui te le dis Aveuglé jamais tu le perçois. Ton regard tourné vers les cieux Que le bonheur est devant toi

BAIXINHO

Eu não voltarei... E a noite morna, serena, calada, ...adormecerá tudo sob sua lua solitária. Meu corpo estará ausente, e pela janela alta entrará a brisa fresca a perguntar pela minha alma. Ignoro se alguém me aguarda de ausência tão prolongada, ou beija minha lembrança, entre carícias e lágrimas. Mas haverá estrelas, flores e suspiros e lembranças e amor nas alamedas. E tocará esse piano como nesta noite plácida não havendo quem o escute, a pensar, nesta varanda Poema de Juan Ramón Jimenez O meu comentário??? Alguém escuta... Poderá estar escondido na sombra da noite.. Deitado na relva, encostado a uma árvore, na soleira da porta... Poderá compreender a mensagem, identificar a dor... Saberá também quando  e se deve interferir... Ás vezes, temos que ficar calados... Sentir como a dor fluí, reconhecer no olhar que o momento de falar chegou.. E deixar que se fale... Percorrendo as alamedas, sentado na areia, ou com música clássica  baixinho na sala....

OUVE-O

Tenho ciúmes do Vento Porque acaricia o teu rosto.. E eu não! Tenho ciúmes do Vento Porque ele brinca com os teus cabelos... E eu não! Tenho ciúmes do Vento Porque ele murmura ao teu ouvido... E eu não! Tenho ciúmes do Vento Porque ele sopra nos teus lábios... E eu não! Tenho ciúmes do Vento Porque ele beija as tuas mãos... E eu não! Tenho ciúmes do Vento Porque ele abraça-te com força... E eu não! Tenho ciúmes do Vento Porque ele sente o aroma Do teu perfume... E eu não! Tenho ciúmes do Vento Porque lhe contas os teus sonhos... E a mim não!.... Poema enviado pelo "O Sofá Amarelo" do blog com o mesmo nome O meu comentário??? Se falo com o Vento, é porque tu não me escutas. E só lhe falo de ti... De como me deixas sozinha e me contas tão pouco sobre ti... Como me olhas, como me desejas mas não partilhas nada comigo... Talvez não te ter conhecido... não me fizesse sofrer tanto.. Não tenhas ciúmes do Vento... Ouve-o apenas...

NA BELEZA DOS SONHOS

A beleza do fogo no teu peito Emite tanta luz!...Mas o ardor Não pode ser mais belo, meu amor Que o fogo deste amor puro, perfeito! Venham dos céus tormentas, venha dor, E o sorriso teu, esse teu jeito, Num átimo, terão tudo desfeito E brilharás, de novo, em teu fulgor! Nem mesmo a luz do Sol, vivo e ardente, Duvidará, jamais, de que és a rainha Deste sonho em que vivo dependente... Acordo com a dor, minha madrinha Nesta vida real e, lentamente Adormeço...e, no sonho, sim!...És minha!!! "Amor Utópico" de Carlos Fragata O meu comentário??? Há sonhos em que somos reis.... Outros, vagabundos.... Banquetes fartos nuns, fome e sede noutros.. O que significa um? O que diz o outro? Que tudo muda; ficamos à mercê da sorte. E, não será a sorte, essa utopia de que falas? Porque nos sonhos, em que descansamos, somos os reis e os vagabundos. Aqui, nem sempre sabemos o que somos...

CALAR

Céu azul Azul claro Azul quase branco E o contraste Das nuvens Cor-de-rosa E cinza... Ao longe o brilho E a sensação de fogo E as nuvens Correm e mudam Constantemente A sua forma... E eu ao olhar... Fico extasiada Com o que os meus olhos Vêem E olho vejo e calo... E continuo a imaginar!... "Fogo" poema enviado por Lili Laranjo (Blog "África em Poesia") O meu comentário??? E o que imagino eu?? Nesse labirinto de cores.... Onde se desenha a paixão dos meus dias... O fogo e o gelo.... Sei que é uma dança mortal... Mas o que não é mortal?  Se até as próprias nuvens têm um fim escrito.... Quando o fogo conquista o espaço, e o gelo se revolta...  

VOZ SUAVE

Meia noite meu anjo vem me buscar Espero impaciente a hora chegar Para com ele estar. Meia noite e não estremeço Conheço meu anjo Por ele tenho grande apreço. Meia noite e o silêncio impera. Só vento a janela Assovia sem cessar. Meia noite e ele chega. E o quarto todo clareia. Com luz de beleza singular. Meia noite e partimos. Para céus infinitos. Conhecer ou relembrar paisagens, Meu anjo e eu. Voltando sobre a terra. Tão pequenina cá de cima Meu anjo e eu. Nas crateras da lua Na parte que o Sol a alumia. Meu anjo e eu. Nos anéis de Saturno. Escorregando em gelo e fogo. Meu anjo e eu. Em universos para mim desconhecidos. Velando pelos cometas. Meu anjo e eu. Astronautas do sonho. Assentados nos asteróides inabitados. Em planetas solitários ao pôr-do-sol. Meu anjo e eu. Assistindo a dança do Universo. O mais pura beleza em um quadro pintado por Deus. Somento meu anjo e eu Poema enviado por Giza O meu comentário??? Vistos lá de cima... Pontos escuros, sem forma, sem cor. Uma escuridão

SOL E VIDA

Sonhei que sou ONDA Uma onda de LUZ E o Mundo nesta natureza Muito me seduz! Sonhei que sou o SOL Um sol de mil cores Um puro arco-íris Colorida como as flores! E em dourados reflexos Em ondas de LUZ Eu sinto o SAL Branco como a PAZ Que muito me satisfaz! Sonhei que sou o SOL Desta água dourada E assim estou perto Deste círculo de LUZ Desta roda de PAZ! Sou uma aprendiz Deste círculo tão belo Deste Mundo Feliz "Em Ondas de LUZ" poema enviado por Helena Nabais O meu comentário??? Deixar que seja o Sol a conduzir a minha vida hoje.. Que me arranque da sombra e da solidão.. De que tudo que rime com tristeza.... Porque há ondas que falam... Cores que acariciam o corpo... Luzes que enfeitiçam o olhar... E FÉ.... Em olhar em frente e sabermos que a alma se volta a erguer, dessa escuridão, dessa prisão e se pinta de dourado... Porque está sempre apaixonada pelo SOL e pela VIDA....

QUE DIZER???

O alecrim incendiou-se de aromas nas vertentes da serra e contagiou a giesta, o mirto e o rosmaninho. Aderiu à pele dos que traziam no corpo a violência do fogo. Se mais desordem houvera, mais desenfreado se tornaria o cavalo alado galopando prazeres. Como dizer o rio que não coube no extâse de ser apenas água, mas uma torrente imensa a rebentar nos poros dos amantes? Enviado por Graça Pires (Blog "Ortografia do Olhar) O meu comentário??? O que dizer na verdade?? Quando nos sentimos invadidos, conquistados, esmagados pelo prazer?? Intensificando os aromas, libertando-se da pele e recriando-se no ar... Nesse gemido sonolento de quem se amou febrilmente. E se deixa agora embalar pelo rio que desafia a sua própria fúria. Acalma-se.... Nota: o 1º poema que recebi em resposta ao desafio do post anterior. Obrigada, Graça

BELEZA E FOGO

Não se pode cortar o fogo com uma faca  (provérbio grego) até que Deus é destruído pelo extremo exercício da beleza Fonte: "A faca não corta o fogo" Herberto Helder (Pg 133) Enviado por JPD do blog "O Gato e o Guizo" O meu comentário??? Não sei se falas de ciúme ou de ódio.. Ambos ardem numa loucura fria... Um fogo intenso que corrompe a beleza dos sentimentos... Em que se pergunta por Deus e a culpa é só nossa... Porque ficamos à superfície das coisas.. Ouvimos e não ouvimos... Sem entendermos verdadeiramente... O que deixamos escapar.... DESAFIO: Com as palavras " beleza " e/ou " fogo" gostava que me enviassem poemas, vossos e/ou dos vossos poetas favoritas para eu comentar....

FRÁGIL E DOCE

pernoitas em mim e se por acaso te toca a memória...amas ou finges morrer pressinto o aroma luminoso dos fogos escuto o rumor da terra molhada a fala queimada das estrelas é noite ainda o corpo ausente instala-se vagarosamente envelheço com a nómada solidão das aves já não possuo a brancura oculta das palavras e nenhum lume irrompe para beberes "Pernoitas em mim" de Al Berto in "Rumor dos Fogos" O meu comentário??? Mas continuas a sentir e a apontar-me as estrelas... Tudo fica mais frágil e mais doce... Há palavras que não precisam de ser ditas.. E mesmo a solidão.... não é uma solidão profunda.... Mesmo que só haja memórias para a percorrer... Se continuo a existir em ti.... nunca morrerei..... Mesmo que te abandone fisicamente.... E as horas sejam vagarosas.......

TAL COMO É

Não me deixem tranquilo não me guardem sossego eu quero a ânsia da onda o eterno rebentar da espuma As horas são-me escassas: dai-me o tempo ainda que não o mereça que eu quero ter outra vez idades que nunca tive para ser sempre eu e a vida nesta dança desencontrada como se de corpos tivéssemos trocado para morrer vivendo de Mia Couto O meu comentário??? Mas o que é viver e morrer?? Viver é seguir o ritmo da onda... Sentir o ritmo, dançar ao ar livre... Rir com as horas... Nunca serão escassas... Podem ser doridas e pesadas. Podem ser um presente, um bombom, quando tranquilas... Isso, sim, é saber viver a beleza do bater das ondas... A vida e aceitar o fim tal como ele é...

FELIZ

dois amantes, o mundo cada um no seu reino, beijam-se na praia quando as ondas batem as areias o mar é o meu navio, hoje naufrago feliz sabes quem sou, as dunas que se levantam com o vento são os sonhos do amor que dormita em sossego nas praias a terra és tu o mar sou eu "Dois Amantes, o Mundo" de Jorge Reis-Sá  in "A Palavra no Cimo das Águas" O meu comentário??? Não durmo.. Só sonho e estou em paz... Num sossego que nada perturba... Nem o mar, nem o vento.. Sei quem tu és... Escrevo tantas vezes o teu nome... Vejo-o em qualquer lugar... Mesmo nas dunas onde afundo os pés... Brincando com a areia escaldante, oferecendo-te os lábios para mais um beijo... E, sim, estou feliz....

ONDA DO TEMPO, ONDA DO MAR

De que céu caído, oh insólito, imóvel solitário na onda do tempo? És a duração, o tempo que amadurece num instante diáfano; flecha no ar, branco embelezado e espaço já sem memória de flecha. Dia feito de tempo e de vazio: desabitas-me, apagas o meu nome e o que sou, enchendo-me de ti: luz, nada. E flutuo, já sem mim, pura existência "Dia" de Octavio Paz in "Liberdade sob palavra" Tradução de Luis Piganalli O meu comentário??? A onda do tempo é como a onda do mar. É única - por vezes, cruel... Desconhece o que é a luz ou finge que não a vê... Porque só existe e naquele momento, não há nada... Passado, presente ou futuro... Paisões, desejos, amor... Nada... Nem mesmo os meus gritos de revolta  o impedem... De arrasar as memórias da verdadeira razão de existir... O tempo é como o mar.... Talvez o mar não seja tão impiedoso  como o tempo.... Perdoem-me se disser que não sei.... Não sei mesmo....

VERDADEIRA

Se é real a luz branca desta lâmpada, real a mão que escreve, são reais os olhos que olham o escrito? Uma palavra à outra o que digo desvanece-se. Sei que estou vivo entre dois parênteses. Certeza de Octavio Paz in "Dias Hábeis" Tradução de Luis Pignatelli O meu comentário??? Sem contar as horas, ou os anos. Ou entristecer porque ninguém lê o que escrevemos. A chave para a realidade é a luz. Interpretar, descrever a luz. Essa luz segura, tranquila. Em que o medo não entra, em que nada pode desvanecer-se, porque a luz é bem real.

ALMA LIVRE

Quero dos deuses só que não me lembrem Serei livre - sem dita nem desdita, Como o vento que é a vida Do ar que não é nada. O ódio e o amor iguais nos buscam; ambos Cada um com seu modo, nos oprimem. A quem os deuses concedem, Nada, tem liberdade "Quero dos deuses só que não me lembrem" de Ricardo Reis, in "Odes" O meu comentário??? Não sei... Porque não sei se os deuses,  alguma vez, me concederam alguma coisa... Estranho pensar nisso agora... Quando o meu reflexo no espelho  é finalmente claro... Não que não tenha dúvidas, porque as tenho... Mas porque posso ver como os meus olhos estão brilhantes... E isso significa que a alma está livre....