É o vento que me leva.
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
Que tudo alcança
Sem avançar.
Que vai de céu em céu.
De mar em mar.
Sem nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas de ventura
De me procurar...
"Viagem" de Miguel Torga, Diário XII
O meu comentário???
Uma viagem sem fim...
Nunca nos conhecemos totalmente.....
Nunca dizemos tudo....
Entregamos a vida ao Vento.....
Vagueamos com ele,
libertamo-nos dessa amargura que fica...
Quando tudo desaparece
e ficamos sós....
Chora-se, grita-se, lamenta-se...
E continuamos à procura....
De quê???
Um sentido,
uma palavra de alento,
uma esperança..........
No tempo, na vida....