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A mostrar mensagens de agosto 2, 2009

ENQUANTO ESCREVO

SAUDADE A saudade me aperta Em mim tão docemente Minha alma de engano Nesta paz aberta, Com este meu mal contente Que me causa tanto dano; Neste papel a desabafar-me... Nos teus olhos preso Esta vida que mal me atrevo Continuou a enganar-me Saudade vai-te embora, te peço Pelo menos enquanto escrevo. Frankelim Gomes Amaral (Livro "II Antologia de Poetas Lusófonos) O meu comentário??? Enquanto escrevo... Engano-me... Por entre palavras rebuscadas e que os outros não entendem.. É tudo o que a minha alma consegue dizer.. Pois sou um prisioneiro, a quem a saudade nega os direitos mais fundamentais... Ver-te, sentir-te, amar-te...

AMPULHETA

Tempo Tempo — definição da angústia. Pudesse ao menos eu agrilhoar-te Ao coração pulsátil dum poema! Era o devir eterno em harmonia. Mas foges das vogais, como a frescura Da tinta com que escrevo. Fica apenas a tua negra sombra: — O passado, Amargura maior, fotografada. Tempo... E não haver nada, Ninguém, Uma alma penada Que estrangule a ampulheta duma vez! Que realize o crime e a perfeição De cortar aquele fio movediço De areia Que nenhum tecelão É capaz de tecer na sua teia! Miguel Torga, in 'Cântico do Homem' O meu comentário??? Escapa-se... O tempo não perdoa e canta... Alegremente, com certezas, sem diplomacia.. Pode oferecer conselhos, mas é rude.. Afinal, para quê perder tempo em ser educado??? Sobrevive a tudo.. À ampulheta que parte, ao tear que enferruja, à tapeçaria que perde as cores.. Uma luta desigual? O tempo que a areia leva a desaparecer da nossa mão....