sábado, julho 25, 2009

TERNURA PRESENTE

Ternura

Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"

O meu comentário???

O que dizer?
Quando se sorrie verdadeiramente...
Não só com o amor que nos afaga o corpo...
O amor enraizado na alma também...
O aconchego dos braços com a ternura presente...
Ocupando todo o espaço...
Do sonho...
Da paixão...
Do Amor...
Enfim...

quinta-feira, julho 23, 2009

A ONDA

Soneto do amor difícil
 
A praia abandonada recomeça
logo que o mar se vai, a desejá-lo:
é como o nosso amor, somente embalo
enquanto não é mais que uma promessa...
 
Mas se na praia a onda se espedaça,
há logo nostalgia duma flor
que ali devia estar para compor
a vaga em seu rumor de fim de raça.
 
Bruscos e doloridos, refulgimos
no silêncio de morte que nos tolhe,
como entre o mar e a praia um longo molhe
de súbito surgido à flor dos limos.
 
E deste amor difícil só nasceu
desencanto na curva do teu céu.
 
                 David Mourão-Ferreira

O meu comentário????
Porque, às vezes, o amor perde o encanto...
Porque não era amor verdadeiro....
E nada escreveu na onda...
Que regressa sempre à praia...
Com outra força, 
com outra dimensão...
Mesmo que se desfaça contra o penhasco...

segunda-feira, julho 20, 2009

TEMPORÁRIA

Gota de Água


Eu, quando choro,

não choro eu.

Chora aquilo que nos homens

em todo o tempo sofreu.

As lágrimas são as minhas

mas o choro não é meu.

António Gedeão

O meu comentário???

Angústia, revolta, tristeza...
Tudo o que as lágrimas dizem...
Numa história magoada...
Uma história que não começa por "Era uma vez..."
Porque fala em injustiça e em dor....
Nem sempre a injustiça e a dor
terminam com "E viveram felizes para sempre"...
Nunca há um fim escrito....
há apenas uma paragem temporária....

domingo, julho 19, 2009

NO MEIO

A PONTE
Atravessei uma ponte
coberta de carinhos
de amor fraterno
enquanto eu sorria
Ao atravessar senti a saudade
que me deu os bons dias
e ouvi o canto das sereias
num mar tranquilo
Senti a paz que me acompanhava
com harmonia e dignididade
sentia-me seguro
era a ponte da amizade
Pedro Valdoy (II Antologia de Poetas Lusófonos)
O meu comentário??
Saudade..
A tristeza que fica no suspiro lançado para o ar...
Afoga-se no carinho do abraço.
Nas palavras vivas;
na esperança do olhar...
Por muito duro que seja a separação...
Se houver uma palavra amiga no outro lado da ponte..
A ponte que é a nossa vida..
Mais fácil a descoberta da alegria.
Mas quando se fica no meio da ponte?
Com dúvidas?

PIRATAS

  Hoje, naveguei com os piratas para além do mar profundo………… Ao encontro de um tesouro, que não existe  e na ânsia de o encontrar, naufraga...