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A mostrar mensagens de agosto 24, 2008

MÃOS

Longevidade Fui envelhecendo, quase sem dar por isso. Fui, com temor e saudade, na mais secreta ausência, edificando as mansões de exílio. Num vaso de argilha guardei, até hoje, sentidamente, a raiz do aloendra, o fulgor da pedra, uma profunda alquimia, prisioneira da noite e do medo, e o teu silêncio, mãe, guardiã dos meus olhos e da sua luz. Lembro-me sempre de ti, imóvel, com um xaile branco onde floresciam os lírios da terra José Agostinho Baptista (Livro "Filho Pródigo) O meu comentário??? Envelhecer... A saudade é diferente... O que se sente é mais profundo... O espelho torna-se um inimigo.... Uma testemunha inoportuna.... O tempo arrasta-se.... Num silêncio...numa solidão dorida... Fica-se com tempo demais nas mãos... Mas as mãos ocupam-se... Enquanto há luz e vontade... Na vida....

DOLOROSAMENTE

O VERÃO Estás no verão, num fio de repousada água, nos espelhos perdidos sobre a duna. Estás em mim, nas obscuras algas do meu nome e à beira do nome pensas: teria sido fogo, teria sido ouro e todavia é pó, sepultada rosa do desejo, um homem entre as mágoas. És o esplendor do dia, os metais incandescentes de cada dia. Deitas-te no azul onde te contemplo e deitada reconheces o ardor das maçãs, as claras noções do pecado. Ouve a canção dos jovens amantes nas altas colinas dos meus anos. Quando me deixas, o sol encerra as suas pérolas, os rituais que previ. Uma colmeia explode no sonho, as palmeiras estão em ti e inclinam-se. Bebo, na clausura das tuas fontes, uma sede antiquíssima. Doce e cruel é setembro. Dolorosamente cego, fechado sobre a tua boca. José Agostinho Baptista O meu comentário??? Dolorosamente sedutor... Declaração, poema de amor... Dolorosamente... porque o tempo dedicado a esse amor termina... Cruel.... porque o desejo torna-se prisioneiro de si próprio... Porquê??? É-se...

PRESENTE

Mesa dos sonhos Ao lado do homem vou crescendo· Defendo-me da morte quando dou Meu corpo ao seu desejo violento E lhe devoro o corpo lentamente Mesa dos sonhos no meu corpo vivem Todas as formas e começam Todas as vidas Ao lado do homem vou crescendo E defendo-me da morte povoando de novos sonhos a vida. Alexandre O'Neill O meu comentário??? A própria vida é um sonho... Pinceladas de cor... Chuva de dor e amargura.... Em sorrisos escondidos nas lágrimas.... Num olhar atento.... À escuta do que se reflecte no silêncio.... Com a lua a dançar.... O vento a libertar-nos......... Dessa morte, inevitável.... Apenas a física.... porque os nossos sonhos estão sempre presente....

COMO PESSOAS

A meu favor Tenho o verde secreto dos teus olhos Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor O tapete que vai partir para o infinito Esta noite ou uma noite qualquer A meu favor As paredes que insultam devagar Certo refúgio acima do murmúrio Que da vida corrente teime em vir O barco escondido pela folhagem O jardim onde a aventura recomeça. Alexandre O'Neill O meu comentário??? A aventura será perder-se......... Nesse barco que parte sem destino... Discretamente.... Apenas o coração e o olhar são visíveis.... Nesses murmúrios de amor.... Em que o vento sopra sempre a nosso favor.... Porque amar é sempre um recomeço... De nós... como pessoas....