domingo, dezembro 30, 2007

MISTÉRIOS

Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim....


Clarice Lispector





O meu comentário???
Ninguém sabe quem é...
Ninguém se preocupa em saber quem é....
Fecha-se em medos, dúvidas....fica estagnado....
Acomoda-se à rotina....não luta...
Resposta total...nunca se encontra....
Mas tentar desvendar esse mistério.....
..............é manter a alma viva....
Despertar-se a si próprio..libertar-se do medo...............

sexta-feira, dezembro 28, 2007

RESPEITO

Fique de vez em quando só, senão será submergido.
Até o amor excessivo pode submergir uma pessoa.

Clarice Lispector

O meu comentário???
Perde-se a essência do ser...
Sintonia, harmonia, desejos, objectivos....
A partilhar, a completar juntos....
No respeito por aqueles momentos em que temos que pensar...
Decidir, reflectir sozinhos.....
Voar sozinhos...

quinta-feira, dezembro 27, 2007

AMAR E RIR

Encomenda



Desejo uma fotografia

como esta — o senhor vê? — como esta:

em que para sempre me ria

como um vestido de eterna festa.

Como tenho a testa sombria,

derrame luz na minha testa.

Deixe esta ruga, que me empresta

um certo ar de sabedoria.



Cecília Meireles

O meu comentário???
Nem sempre...rir é possível....
Angústia, perda, dor....ficam sempre gravadas no olhar...
E o sorriso fica apenas nos lábios...
Corta a ligação com a alma....
Recolhe-se em si....não se abre...não se liberta....
Em nada se recupera a alegria desse riso........................

terça-feira, dezembro 25, 2007

DISCRETAS

Discurso


E aqui estou, cantando.


Um poeta é sempre irmão do vento e da água:


deixa seu ritmo por onde passa.


Venho de longe e vou para longe:


mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho


e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes


andaram.





Cecília Meireles - Excerto

O meu comentário???
Pensa-se que nada se deixa...
Desanima-se...
Deixa-se que o desalento se instale...ignora-se sinais.....
Inscritos na água e no vento...
Sempre presentes....
Na poesia que se sente...e nem todos conseguem traduzir....
Nessas palavras simples e directas.........................

quinta-feira, dezembro 20, 2007

PRÉMIO




Prémio atribuido pela Pekenina - Blog "A Força de Uma Pipoca"...


Obrigada.....


Devia atribuir este prémio a mais 7 Blogs, mas, e como acho que todos o merecem, não o vou fazer...


Estamos no Natal - gostaria de deixar um poema sobre o Natal, mas ainda não o encontrei...


Boas Festas para todos os que aqui passam - obrigada pela companhia, pela amizade...


Estarei por aqui; a porta está sempre aberta....


segunda-feira, dezembro 17, 2007

AUSÊNCIA, FALTAS E DECISÕES

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Carlos Drummond de Andrade

O meu comentário??
Estar ausente de si próprio...
Quando se está indeciso....
Decisões complicadas...
Implicam estar atento às consequências....
Uma maneira de se defender?
Nem sempre....
Por vezes, o estar presente é essencial...
Há decisões que nos pertencem exclusivamente....
E há quem as roube...
Com consequências desastrosas para nós...

terça-feira, dezembro 11, 2007

BEIJO DE PAIXÃO

Nunca são as coisas mais simples que aparecem
quando as esperamos. O que é mais simples
como o amor, ou mais evidente dos sorrisos, não se
encontra no curso previsível da vida. Porém, se
nos distraímos do calendário, ou se o acaso dos passos
nos empurrou para fora do caminho habitual,
então as coisas são outras. Nada do que se espera
transforma o que somos se não for isso;
um desvio no olhar; ou a mão que se demora
no teu ombro, forçando uma aproximação
dos lábios

Nuno Júdice

O meu comentário??
Somos quem somos...
Sentimos como sentimos...
Porque nada é simples, nada é evidente...
É a nossa maneira de olhar...
São os segredos da nossa mão...
Como se tornam presentes...
O que desencadeiam naquele momento....
Em que se troca um beijo de paixão....

sexta-feira, dezembro 07, 2007

NA LUZ DO AMOR

Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.

Plano - de Nuno Júdice

O meu comentário??
O Amor...o actor principal de uma peça muito pessoal...
Planos, projectos sem qualquer futuro...
Porque não há amor...
Tudo engloba...
Tudo diz...
Basta realmente deixar que a luz....
se insinue e nos ilumine..................
=================================

P.S.: O Com Amor tem nova cara; espero que gostem.......

quarta-feira, dezembro 05, 2007

NOMES E AMORES

Como se o teu amor tivesse outro nome no teu nome,
chamo por ti; e o som do que digo é o amor
que ao teu corpo substitui a doçura de um pronome-
tu, a sílaba única de uma eclosão de flor.
Nuno Júdice - (Excerto)
O meu comentário??
Vive-se...
Ama-se intensamente...
Não há nomes; não há nada...
Há apenas amor....
Declaração de amor de alguém
que está profundamente apaixonado...
Se sente diferente...
Tudo é mais doce....mais suave....
Dizer o nome de quem se ama....
respirar fundo e suspirar....
Profundamente..........................

segunda-feira, dezembro 03, 2007

TRISTES

POEMA XX - PABLO NERUDA -
"Vinte Poemas de Amor e uma canção desesperada". ***


Posso escrever os versos

mais tristes esta noite.

Escrever, por exemplo,

"A noite tem estrelas, e, azuis,

os astros tiritam na distância".

O vento nocturno gira no céu

e canta.

Posso escrever os versos

mais tristes esta noite.

Eu amei-a e, por vezes,

ela também me quis.

Em noites como esta

tive-a nos meus braços.

Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela quis-me e por vezes

eu também lhe queria.

Como não ter amado seus

grandes olhos firmes?

Posso escrever os versos

mais tristes esta noite.

Pensar que não a tenho.

E sentir que a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais
imensa sem ela.

E o verso cai na alma

qual no prado o rocio.

Que importa que o meu amor

não pudesse guardá-la!

A noite tem estrelas

e ela não está comigo.


O meu comentário???

A noite também guarda memórias...

Desses amores contrariados, gastos, perdidos...

Torna-se realmente imensa...

Porque divagamos, lamentamos,

esquecemo-nos de olhar em frente...

A dor dilacera-nos...contraria-nos....

instala-se na noite a solidão...

Reflecte-se nas páginas dos livros...

Encontramos poemas tristes

que nos magoam ainda mais a alma...

Nunca os esqueceremos...

vamos chorar sempre que abrirmos o livro...

Mesmo que o tempo passe e se julgue que a dor também....



***Poema já publicado no blog, mas o comentário foi reescrito.

sexta-feira, novembro 30, 2007

PRESENTES

Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
Ao princípio, não te vi; não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.
Pablo Neruda
O meu comentário??
E não é o Amor assim???
Conquista-nos lentamente, testa os nossos limites...
Torna-se nosso cúmplice...
imprescendível...
Parte de nós e morre connosco....
Ou não....
Pode ser apenas uma ilusão, uma utopia...
Talvez porque não se abre o peito...
Não se abraça o mundo...
Eu abraço o mundo e às vezes,
recebo presentes inesperados..............

quarta-feira, novembro 28, 2007

RISO

Nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
PABLO NERUDA
O meu comentário??
Amar assim...completamente...
Sentir a alegria...
Porque há luz no riso...
Esquece-se o frio do Inverno...
A chuva no Outono...
e o sol timido da Primavera
Quando o riso, livre, profundo, invade o ar...
atravessa os oceanos...
conquista-nos o coração...

domingo, novembro 25, 2007

DEVOLVER A ALEGRIA

DEVER DO POETA É CANTAR COM SEU POVO E DAR AO HOMEM O QUE É DO HOMEM:

SONHO E AMOR. LUZ E NOITE, RAZÃO E DESVARIO

PABLO NERUDA - Prólogo de Las Piedras de Chile***
O meu comentário?
O que devia pertencer sempre ao Homem
e que, por vezes ele esquece...
Troça de quem sonha...
Banaliza o amor...
Aterroriza a luz e foge da razão...
Esconde-se na noite....
clandestino quem luta contra quem quer destruir...
Uma coisa tão simples....
como devolver a alegria a quem está sozinho........
***Citação já colocada no blog, mas com comentário reescrito

segunda-feira, novembro 19, 2007

SÚPLICA

Murmúrio
Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,- vê que nem te peço alegria.
Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:-
vê que nem te peço ilusão.
Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!
Cecília Meireles
O meu comentário??
Uma súplica...
uma pergunta para a qual não há resposta...
Um sussuro...um murmúrio mudo e ignorado...
Uma memória perdida e arrependimento...
É o fim e o começo de uma outra maneira de viver...
Porque é possível viver novamente...
Com outros sonhos, outras ilusões,
até mesmo o cheio de uma outra flor...
Enterra-se essa memória...
virá ter connosco nos momentos mais inoportunos...
Fará sempre parte de nós...
mas não nos deve amordaçar............

sábado, novembro 17, 2007

O ECO DO MEDO

Não sintas o medo.
Fecha-o no escuro,
tira-lhe os olhos e pisa-o,
como se fosse uma cobra venenosa.
É preciso ter coragem!
Mata o medo!
Não vivas o medo!
António Marques Leal - Deserto de ecos
O meu comentário???
O eco devolve esse sentimento...
Essa escuridão, essas horas perdidas...
Para quê ter medo?
Porquê?
Mas quem não o sentiu?
Uma prova de fogo.......
......em que nos conhecemos
ou desistimos de o fazer....
Mergulhar no medo
e vencê-lo no seu próprio jogo.....

domingo, novembro 11, 2007

LUZ

Sós,
imensamente sós,
caminhamos sem um cruzamento.
Vive-se,
olhando em redor
e procurando uma luz
que indique o caminho
de retorno ao futuro.
Deserto de ecos - António Marques Leal
O meu comentário???
E que futuro???
Às vezes, não temos a certeza que há esse futuro...
Que vamos descobrir essa luz...
Caminhamos sempre à procura do excesso....
Que se desvanece e a única coisa que fica é a luz...
Não a que procuramos....
mas a que esteve sempre connosco...
Nunca a alimentamos...
Apenas esperou por nós....
que erguessemos os olhos e a vissemos reflectida.......

sexta-feira, novembro 09, 2007

CRIANÇA

Queria fazer-te um verso
que rimasse com criança.
Procurei pelo universo
e, enchendo-me de desconfiança,
resolvi, com raiva e frenesim,
esconder-me dentro de mim

Deserto de Ecos - António Marques Leal
O meu comentário??
O que rima com criança?
Amor, carinho, ternura, protecção...
Histórias com fadas, duendes....
Correrias pela praia, gritos selvagens....
Sentimentos desconhecidos...poderosos...
Capazes de desafiar tudo
e todos para que aquela criança cresça feliz...
Sem deixar que ela se esconda dentro de nós ou dela própria...
NOTA: Embora já tenha colocado este poema no blog, é com prazer que o repito e reescrevo o meu comentário.
Agradeço ao autor, António Marques Leal, a amabilidade de me ter enviado o livro em questão, com o seu autógrafo....

quarta-feira, novembro 07, 2007

CORAÇÃO

Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
Cecília Meireles - Despedida (excerto)
O meu comentário??
Sensação bem conhecida....
Procuramos e não sabemos bem o quê...
Falhas, frustrações, desânimo...
Será que a vida se resume só a isso???
Ou temos realmente o nosso rumo nas mãos???
Escrevemos o nosso destino?
Perguntas repetidas vezes sem conta...
cansadas, sem brilho...
A resposta??
Como diz o poema -
no nosso coração....................

domingo, novembro 04, 2007

LUTAR

Fio


No fio da respiração,

rola a minha vida monótona,

rola o peso do meu coração.


Tu não vês o jogo perdendo-se

como as palavras de uma canção.


Passas longe, entre nuvens rápidas,

com tantas estrelas na mão...


— Para que serve o fio trêmulo

em que rola o meu coração?


Cecília Meireles


O meu comentário??

Para viver intensamente....

Sem se preocupar se há jogos ou não....

Lutar contra essa monotonia...

por vezes mais forte que nós....

......que se instala...

Tentar alcançar as estrelas,

acompanhar as nuvens....

Parar apenas

para que o coração se encha

de força e de vontade...

De lutar até ao fim....

sábado, novembro 03, 2007

VOAR

Leveza
Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante, mais leve.
E a cascata aérea
de sua garganta, mais leve.
E o que lembra,
ouvindo-se deslizar
seu canto, mais leve.
E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.
E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.
Cecília Meireles
O meu comentário??
Situações complicadas...atrofiam-nos, impedem-nos de avançar...
Talvez tudo fosse mais fácil se pudessemos voar...
Isso seria fugir....
e fugir não é a melhor opção....
Observar a leveza
com que o pássaro se ergue no ar.....
Ajuda-nos...
A pensar.... a encarar...até a sorrir...
Porque a amargura não pode ficar enterrada no coração....

quarta-feira, outubro 31, 2007

FORMAS DE AMAR

Meu sonho



Parei as águas do meu sonho


para teu rosto se mirar.


Mas só a sombra dos meus olhos


ficou por cima, a procurar...


Os pássaros da madrugada


não têm coragem de cantar,


vendo o meu sonho interminável


e a esperança do meu olhar.


Procurei-te em vão pela terra,


perto do céu, por sobre o mar.


Se não chegas nem pelo sonho,


por que insisto em te imaginar?


Quando vierem fechar meus olhos,


talvez não se deixem fechar.


Talvez pensem que o tempo volta,


e que vens, se o tempo voltar.



de Cecília Meireles

O meu comentário??
Ficar presa a um amor que acaba...
Ler em tudo o que nos rodeia uma mensagem que lá não está...
O amor é mais forte do que a desilusão....
e não queremos sentir uma derrota..
Amar não é uma derrota....
É simplesmente deixar viver as emoções.............
O que está enterrado
e nunca teve oportunidade de falar.........
Sentir e aprender
que há muitas formas de amar alguém...
E desse alguém nos amar também..................
Sempre com carinho e respeito....................

domingo, outubro 28, 2007

GOTA DE ORVALHO

Cecília Meireles

Rosa

"Tu és como rosto das rosas: diferente em cada pétala.


Onde estava o teu perfume?


Ninguém soube.


Teu lábio sorriu para todos os ventos e o mundo inteiro ficou feliz.


Eu, só eu, encontrei a gota de orvalho que te alimentava,


como um segredo que cai do sonho..."




O meu comentário???

Há momentos que são únicos...

Porque simplesmente acontecem......................

Não estavam escritos nos desejos,

na palma das mãos ou nas estrelas

Tornam-se, por isso, preciosos...

raros...

Completam-nos....

Tudo tão simples como uma gota de orvalho.....

Para que não se desista de viver.........

SOM DA CHUVA

A chuva chove...
A chuva chove mansamente...como um sono
Que tranqüilize, pacifique, resserene...
A chuva chove mansamente...Que abandono!
A chuva é a música de um poema de Verlaine...
E vem-me o sonho de uma véspera solene,
Em certo paço, já sem data e já sem dono...
Véspera triste como a noite, que envenene
A alma, evocando coisas líricas de outono..."

Cecília Meireles
O meu comentário???
A chuva pode ser triste....
Ser encarada com o fim...
Trazer memórias inúteis...
Há sonhos brutais,
mas há também aqueles em que
nos sentimos parte do mundo........
Temos alma
e a chuva apenas nos acompanha..............
Um dia de chuva pode ser um dia inteiramente nosso.............
Sonhar, dançar, rir ao som da chuva..................

quinta-feira, outubro 25, 2007

IMAGENS

Deito fora as imagens.
Sem ti, para que me servem
as imagens?
Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em qualquer parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.
Raul de Carvalho - Coração Sem Imagens (excerto)
O meu comentário??
Viver no escuro,
sem imagens??
É renegar tudo....
Apagar da memória um pôr-do-sol lindo???
Ou imaginar que se está a esculpir um busto no lua?
Quanto ao vento, sempre presente com efeito...
escutar somente....
Quem sabe se não será ele
quem trará a imagem
e a voz de outra pessoa?
Outras imagens,
outros sabores,
outros perfumes....
um novo ciclo....
Recordações fazem parte de nós............

segunda-feira, outubro 22, 2007

A HISTÓRIA DO AMOR

....
Amor, tão chão de Amor,
Que sensível és...
Sensível e violento, apaixonado.
Tão carregado de desejos!
Acalmas e redobras
e de ti renasces a toda a hora.
Cordeiro que se encabrita e enfurece
e logo recai na branda impotência....
..........
Amor (excerto) de Irene Lisboa
O meu comentário?
E o amor não é isto??
Lágrimas de raiva, ódio e dor........
Agora...
Ao cair da noite..........
Tudo fica diferente....
Explicações, sussuros,
galanteios, carícias, beijos....
Flores.............
Momentos mágicos.................A calma...........
E volta-se novamente a amar....................

sábado, outubro 20, 2007

QUASE PERFEITO

Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tomar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira
Miguel Torga - Quase um poema de amor (excerto)
O meu comentário???
Uma declaração perfeita...
Suave, cristalina, graciosa....
Um verdadeiro poema...
Ao sentimento mais nobre....
Enche-nos o corpo - ilumina tudo...
Enfeitiça-nos realmente...................
Porque se sente...................................

sexta-feira, outubro 19, 2007

VALER A PENA

A mim mesmo pergunto, e não atino
Com o nome que dê a essa visão,
Que ora amostra ora esconde o meu destino...

É como uma miragem, que entrevejo,
Ideal, que nasceu na solidão,
Nuvem, sonho impalpável do desejo...
Antero de Quental - A Ideal (excerto)

O meu comentário??
Todos temos um ideal....
raramente se manifesta, se concretiza...
Arranca-nos suspiros,
gritos de raiva e dor contra o destino....
Contra a solidão,
contra sonhos que nunca terão forma.........
Apenas vivem em nós, fazem-nos sorrir....
Porque temos que ter ilusões....
sem elas.........não vale a pena....
Nem sequer olhar as nuvens..............

quarta-feira, outubro 17, 2007

POR ENQUANTO

Um dia, meu amor (e talvez cedo.
Que sinto estalar-me o coração!)
Recordarás com dor e compaixão
As ternas juras que te fiz a medo...
Aparição (excerto) Antero de Quental
O meu comentário??
E quem não tem medo do que sente?
O coração apressado....
sensações estranhas a percorrerem o corpo...
Sem saber porquê....
Sede, fome, sono....o que é isso???
Porque fico incapaz de falar, racicionar???
Quando se abre o coração...................
o mundo fica diferente....
A dor...por enquanto...
não vamos falar nela............

segunda-feira, outubro 15, 2007

AUSÊNCIA

És tu quem me conduz, és tu quem me alumia.
Para mim não desponta a aurora, não é dia,
Se não vejo os dois sóis azuis do teu olhar.
Deixei-te há pouco mais dum mês?, mês secular
E nessa noite imensa, ah, digo-te a verdade,
Iluminou-me sempre o luar da saudade.
Guerra Junqueiro - Carta a F. (excerto)
O meu comentário??
Amar com toda a alma...
Sentir-se despido...
Completamente envolvido na saudade,
perdido na dor da ausência...
Os dias são longos....
as noites ainda mais...
A dor intensifica-se....
a beleza fica como que esquecida......
Mas ficará o amor mais forte????

domingo, outubro 14, 2007

SIGNIFICADO

Agora que as palavras secaram
e se fez noite
entre nós os dois,
agora que ambos sabemos
da irreversabilidade
do tempo perdido,
resta-nos este poema de amor e solidão
Eduardo Pitta - Agora que as palavras secaram (Excerto)
O meu comentário??
Será que é só isso que resta?
A solidão?
Tempo perdido?
Mas amar não é tempo perdido....
É deixar envolver-se em sensações, viver em pleno....
Conhecer-se, ultrapassar fronteiras e barreiras....
É entrar na própria raiz....
Se as palavras secam....
é porque nunca encontram o verdadeiro significado.......

sábado, outubro 13, 2007

O BRILHO

Meu amor, diz-me o teu nome
- Nome que desaprendi...
Diz-me apenas o teu nome.
Nada mais quero de ti.
Diz-me apenas se em teus olhos
Minhas lágrimas não vi,
Se era noite nos teus olhos,
Só porque passei por ti!
Pedro Homem de Melo - Fonte (excerto)

O meu comentário??
Quem já esqueceu o nosso nome....
esqueceu-se completamente de nós...
Quem somos,
o que significamos um para o outro,
a razão de estar presentes...
Somos realmente a noite....
O brilho nos olhos morre;
esquecidos, apagados...
Apenas a dor e as lágrimas ficam...
O brilho não será igual.....

quinta-feira, outubro 11, 2007

VERÃO

Fácil, tão fácil
Como um espasmo,
Pondo os teus dedos
Na minha face,
Nem sei se és água
Ou se o meu sangue.
É que incendeias,
Abrindo todas
As minhas veias....
Pedro Homem de Melo - Chuva de Verão

O meu comentário??
Comparar o amor à chuva de Verão?
Pode ser um amor que murche com o Outono...
Uma lembrança no Inverno com uma certa saudade...
Pelo calor,
pela beleza que é sentir-se leve no corpo, na alma....
Sentir-se no topo do Mundo
e deixar que a chuva registe tudo isso....
Porque o tempo não existe....................

quarta-feira, outubro 10, 2007

EXACTAMENTE

Resolvi andar na rua
com os olhos postos no chão.
Quem me quiser que me chame
ou que me toque com a mão.
Quando a angústia embacier
de tédio os olhos vidrados,
olharei para os prédios altos,
para as telhas dos telhados.
Amador sem coisa amada,
aprendiz colegial.
Sou amador da existência,
não chego a profissional.
Amador sem coisa amada de António Gedeão

O meu comentário???
Tanta desilusão...
Com a vida, com o amor, consigo próprio....
Derrota profunda....
sem olhar frontalmente o que há à sua volta....
Sem esperança...
Quando se mergulha num poço sem fundo........
quando se vive com indiferença....
O que significa exactamente estar vivo???

segunda-feira, outubro 08, 2007

AS LÁGRIMAS

Súbito, o Amor e o Tempo, combinados,
Abrem as asas trémulas ao vento....
-"Por que voais assim tão apressados?
Onde vos dirigis?" - Nesse momento
Volta-se o Amor e diz com azedume:
-"Tende paciência, amigos meus!
Eu sempre tive este costume
De fugir com o Tempo....Adeus!Adeus!"
O Amor e o Tempo (excerto) de António Feijó

O meu comentário??
Por vezes, o Amor escapa-se...
Impaciente, irrequieto....
encontra no Tempo o verdadeiro aliado...
Nunca olham para trás....
procuram novas aventuras,
novas luzes, novos corações....
Deixam-nos ficar...
Arrependidos de não termos aproveitado
o que nos faz verdadeiramente vibrar....
O que dá gozo à vida,
.....brilhar......aplaudir.......encantar....
Esquecer as lágrimas
que agora cansam os olhos..........

quinta-feira, outubro 04, 2007

RECORDAÇÃO

As tuas cartas vêm tocadas
duma ideal melancolia
não sei quem és, e todavia
beijo essas letras desmaiadas.
Como as violetas perfumadas
que a sombra esconde à luz do dia,
As tuas cartas vêm tocadas
duma ideal melancolia
António Feijó - excerto do poema (A UMA DESCONHECIDA)

O meu comentário?
Porquê tal melancolia?
Alguém que sofre por amor?
Ou alguém que sofre por ver que alguém está a sofrer?
Ama esse alguém;
não sabe como o confessar....
e o sofrimento é total.....
Está frágil...esconde-se,
espera, desespera....
E esse alguém, quando tudo ultrapassar,
retribuirá esse amor?
Ou o que ficará...
será apenas uma recordação de um amor que não se viveu???

terça-feira, outubro 02, 2007

IMPRESSÃO

....
Da margem do sonho
e do outro lado do mar
alguém me estremece
sem me alcançar
Um bafo de desejo
chega, vago, até mim.
Perfume delido
de impossível jasmim.
.....
Chamamento (excerto) - Luísa Dacosta

O meu comentário??
Às vezes, fica-se apenas com uma impressão...
Nada mais há a dizer, a fazer, a sonhar...
Enfrenta-se a dura realidade - a tristeza...
Aprende-se a viver, a disfarçar essa tristeza....
Impossível de esquecer....
Porque aí se enraíza,
infiltra-se e morre lentamente.....
Ou deixa-nos viver,
sempre com essa mágoa....
Um sonho que foi apenas um sonho..................

domingo, setembro 30, 2007

TER QUEM SE AMA

Volta até mim no silêncio da noite
a tua voz que eu amo, e as tuas palavras
que eu não esqueço. Volta até mim
para que a tua ausência não embacie
O vidro da memória nem o transforme
no espelho baço dos meus olhos. Volta
com os teus lábios cujo beijo sonhei num estuário
vestido com a mortalha de névoa; e traz
contigo a maré de manhã com que
os náufragos sonharam.
Nuno Júdice - Volta até mim no silêncio da noite
O meu comentário???
À noite, quando tudo está mais calmo...
Quando se pensa realmente, friamente...
Se deseja finalmente, se sonha...
Encontramo-nos com aquele "eu" que sufocamos...
Sentimo-nos verdadeiramente perdidos
porque compreendemos que não temos quem amamos...
Ter quem amamos é importante....