sábado, abril 02, 2011

PALAVRAS DE CONSOLO

Quando os teus olhos absorvem
todas as cores da minha
mais íntima tristeza,
e compreendes e calas e prometes
um lugar qualquer na tua alma
e a tua voz demora a regressar
ao neutro compromisso das palavras,
sei que as tuas mãos ajudariam
a limpar estas lágrimas antigas
por dentro do meu rosto

de Vitor Matos e Sá

O meu comentário???
Fala-se, sente-se amor....
Respeita-se o tempo e o espaço...
Mais importante que as palavras de consolo...
Nunca se esquece totalmente a dor....
Há momentos
em que essas lágrimas antigas
massacram a alma...
Se encontramos alguém que sabe que elas existem,
mas ignora-as....
Ama-nos, de todo o coração...

sexta-feira, abril 01, 2011

NA PELE

como dizer aos meus olhos que se afastem
do incêndio que lavra a oriente do teu sangue
rasgando a minha fome

e me protejam nesta imperfeita madrugada
em que as línguas dos homens e dos anjos
se confundem

de Alice Vieira,  in "Cinco Breves Momentos de Maio"

O meu comentário???
Como dizer, enfim que tudo acabou?
Como apagar o desejo,
a paixão que ainda vejo nos meus olhos??
Como te quero ainda....
Fico sem saber o que pensar....
Fico acordada, sem paz.....
Porque ainda te escuto....
Ainda repito baixinho
as tuas palavras de amor....
Ainda as sinto numa carícia na pele....

segunda-feira, março 28, 2011

LONGE DAQUI

Cai chuva do céu cinzento

Cai chuva do céu cinzento

Que não tem razão de ser.

Até o meu pensamento

Tem chuva nele a escorrer.

Tenho uma grande tristeza

Acrescentada à que sinto.

Quero dizer-ma mas pesa

O quanto comigo minto.

Porque verdadeiramente

Não sei se estou triste ou não,

E a chuva cai levemente

(Porque Verlaine consente)

Dentro do meu coração.


Fernando Pessoa


O meu comentário???
Chuva intensa que nos magoa....
Na alma,
no corpo....
Fria,
despreza as
horas em que
se cruzam destinos trágicos...
Em que a vida desaparece.....
Numa angústia,
num desespero total.....
Quando nada mais há a dizer...
E se deseja estar bem longe
daqui....

 



domingo, março 27, 2011

VOO DA GAIVOTA

ARIMA


Uma gaivota- dizes.

Sim, uma gaivota

passa distante, e arde.

o teu rosto é azul,

e contudo está cheio

de oiro da tarde.



Uma gaivota.

Alma do mar e tua,

abandona-se à luz.

E na boca nem eu sei

se me nasce o coração,

ou se é a lua.



de Eugénio de Andrade, enviado pela Tecas

O meu comentário???
Será a beleza, a liberdade???
Do sonho, da vida, dos momentos...
Esses momentos dourados,
porque são únicos...
Nascem e guardam-se no coração...
Tal como o voo da gaivota...
Suave riscando o azul do céu....
Escrevendo o que só os nossos olhos entendem...