NADA
A Sofreguidão de um Instante  Tudo renegarei menos o afecto,  e trago um ceptro e uma coroa,  o primeiro de ferro, a segunda de urze,  para ser o rei efémero  desse amor único e breve  que se dilui em partidas  e se fragmenta em perguntas  iguais às das amantes  que a claridade atordoa e converte.  Deixa-me reinar em ti  o tempo apenas de um relâmpago  a incendiar a erva seca dos cumes.  E se tiver que montar guarda,  que seja em redor do teu sono,  num êxtase de lábios sobre a relva,  num delírio de beijos sobre o ventre,  num assombro de dedos sob a roupa.  Eu estava morto e não sabia, sabes,  que há um tempo dentro deste tempo  para renascermos com os corais  e sermos eternos na sofreguidão de um instante.   José Jorge Letria, in "Variantes do Oiro"  O meu comentário??? Sei como é banal afirmar-se isso... Um instante, uma eternidade.... Sei como o tempo escorrega por entre os dedos... E como há perguntas que não devem ser feitas... Para que não apaguem depois memórias feli...