quarta-feira, julho 21, 2010

ESCASSO

Que ninguém hoje me diga nada.
Que ninguém venha abrir a minha mágoa,
esta dor sem nome
que eu desconheço donde vem
e o que me diz.
É mágoa.
Talvez seja um começo de amor.
Talvez, de novo, a dor, a euforia de ter vindo ao
[mundo.
Pode ser tudo isso ou nada disso.
Mas não o afirmo.
As palavras viriam-me revelar tudo.
E eu prefiro esta angústia de não saber de quê.
"Intimidade" de Fernando Namora in "Mar de Sargaços"
O meu comentário???
Talvez o começo de tudo
ou o fim de tudo...
É a solidão enraizada em nós
e sobre a qual,
pouco ou nada sabemos...
Porque pensamos
que a conquistamos
com esses momentos de euforia,
que se tornam
cada vez mais escassos.
A verdade regressa...
invade-nos a certeza...
Com essa angústia
que quase nos sufoca...
Que insistimos
que não faz parte de nós....

domingo, julho 18, 2010

ACREDITAR NO HOJE

Tudo na vida está em esquecer o dia que passa.
Não importa que hoje seja qualquer coisa triste,
um cedro, areia, raízes,
ou asa de anjo,
caido num paul.
O navio que passou além da barra
já não lembra a barra.
Tu o olhas nasa estranhas águas que ele há-de sulcar
e nas estranhas gentes que o esperam em estranhos
[portos.
Hoje corre-te um rio dos olhos
e dos olhos arrancas limos e morcegos.
Ah, mas a tua vitória está em saber que não é hoje
[o fim
e que há certezas firmes e belas,
que nem olhos vesgos
podem negar.
Hoje é o dia de amanhã.
Fernando Namora in "Mar de Sargaços"
O meu comentário???
O amanhã pode mudar tudo.
A manhã pode abrir com um Sol brilhante
que faz doer os olhos.
A noite pode ser uma tempestade, um pesadelo
que nada ou ninguém dissipará..
Nem vale a pena chorar...
Porque está lá
e lamentar o que poderia ter sido....
Oh, Deus, é agradecer que hoje não é o fim.
É agarrar o que se tem neste momento, hoje
e fazer com que o amanhã exista...
Porque, se não se acredita no hoje,
amanhã podemos não estar cá.