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A mostrar mensagens de 2011

O TEMPO

As pessoas não vêm para o abandono da rua para serem felizes, só se for com um copo na mão para festejarem uma passagem de ano. As pessoas atravessam a ponte que separa duas vidas, ou dois modos de vida, porque não têm alternativa, porque é este o caminho que lhe resta. E depois ninguém as vem procurar nem chamar à razão para que reconsiderem e regressem. Ninguém regressa, ao fim e ao cabo." Extracto do livro de José Jorge Letria "Coração sem abrigo" (recomendo a sua leitura ) O meu comentário??? É apenas mais um rosto... Ninguém o trata mais pelo nome, porque, e utilizando a expressão do autor, ao fim e ao cabo, temos medo de que não haja mesmo alternativa. E sejamos nós, um dia, aquele rosto sujo e com a dor espelhada nos olhos... O que eu espero??? Que haja uma alternativa  e que ninguém mais atravesse essa ponte... Os melhores votos para 2012.....
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Com os desejos de Boas Festas... Com a voz de Marisa Monte.... Não foi um ano fácil para mim... Mas vamos continuar a voar por aqui, pelo meu outro blog... Sempre....

BRAMIDO DO MAR

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Adoro seduzir-te, e encantar a noite. Esta noite, confundo-te. Deixo-te completamente só. Apenas as velas estão acesas e a lingerie espalhada pelo chão. Num cenário, em nada exagerado. Muito banal, até. Mas porque não estou aqui, nua em frente à lareira, com um copo de vinho na mão? Onde estou? A sentir a fúria do mar. Não o vejo da janela do quarto. Cheiro-o, no entanto. Um cheiro forte, a algas e a espuma, cinzenta e cerrada. Hoje, quero que me ames, ouvindo, ao longe, o bramido do mar... Poema de minha autoria, publicado no meu blog principal em 2009 A razão porque o partilho hoje convosco é porque foi escolhido e publicado num livro colectivo, que se chama "Entre o Hoje e o Amanhã" e cujo lançamento foi hoje, na Casa do Infante, no Porto. Foi um presente de Natal inesperado, foi a primeira vez que publiquei e estou muito feliz.... 

SILÊNCIO

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Os Justos Um homem que cultiva o seu jardim, como queria Voltaire. O que agradece que na terra haja música. O que descobre com prazer uma etimologia. Dois empregados que num café do Sul jogam um silencioso xadrez. O ceramista que premedita uma cor e uma forma. O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade. Uma mulher e um homem que lêem os tercetos finais de certo canto. O que acarinha um animal adormecido. O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram. O que agradece que na terra haja Stevenson. O que prefere que os outros tenham razão. Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo. Jorge Luis Borges, in "A Cifra" Tradução de Fernando Pinto do Amaral

MOMENTO

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Nostalgia do Presente Naquele preciso momento o homem disse: «O que eu daria pela felicidade de estar ao teu lado na Islândia sob o grande dia imóvel e de repartir o agora como se reparte a música ou o sabor de um fruto.» Naquele preciso momento o homem estava junto dela na Islândia. Jorge Luis Borges, in "A Cifra" Tradução de Fernando Pinto do Amaral  

E PORQUE NÃO???

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Houve uma Ilha em Ti Houve uma ilha em ti que eu conquistei. Uma ilha num mar de solidão. Tinha um nome a ilha onde morei. Chamava-se essa ilha Coração. Que saudades do tempo que passei. Nenhum desses momentos foi em vão. Do teu corpo, de ti, já nada sei. Também não sei da ilha, não sei, não. Só sei de mim, coberto de raízes. Enterrei os momentos mais felizes. Vivo agora na sombra a recordar. A ilha que eu amei já não existe. Agora amo o céu quando estou triste por não saber do coração do mar. Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'

PROFERIDA

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Sou a Tua Casa Sou a tua casa, a tua rua, a tua segurança, o teu destino. Sou a maçã que comes e a roupa que vestes. Sou o degrau por onde sobes, o copo por onde bebes, o teu riso e o teu choro, o teu frio e a tua lareira. O pedinte que ajudas, o asilo que te quer acolher. Sou o teu pensamento, a tua recordação, a tua vontade. E também o artesão que para ti trabalha, o medo que te perturba e o cão que te guia quando entras pela noite. Sou o sítio onde descansas, a árvore que te dá sombra, o vento que contigo se comove. Sou o teu corpo, o teu espírito, o teu brilho, a tua dúvida. Sou a tua mãe, o teu amante, o marfim dos teus dentes. E sou, na luz do outono, o teu olhar. Sou a tua parteira e a tua lápide. Os teus vinte anos. O coração sepultado em ti. Sou as tuas asas, a tua liberdade, e tudo o que se move no teu interior. Sou a tua ressaca, o teu transtorno, o relógio que mede o tempo que te resta. Sou a tua memória, a memória da tua memória, o teu orgulho, a fecundação das tuas entra

SÁBIO AMOR

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“...pois o Amor é mais sábio do que a Filosofia, por mais sábia que esta seja: e é mais forte do que o poder, por mais poderoso que este seja.Tem asas cor de fogo e cor de fogo tem o seu corpo. Há uma doçura de mel nos seus lábios e o seu hálito lembra o incenso” Extracto do Conto de Oscar Wilde “O Rouxinol e a Rosa” O Com Amor talvez volte nestes moldes... Uma citação, um poema que goste, com um video. Poderei escrever um comentário ou só pedir o vosso... O desafio de hoje é esse: Comentem este excerto do conto de Oscar Wilde

SEM COMENTÁRIOS

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Video de "Amor Electro - A Máquina" digo que te amo sorris e eu amo, digo que te quero sorris e eu quero, dizes em sonhos em sonhos que já tive, onde desejei ser céu sol e estrelas para que te pudesse olhar eternamente. "Digo que te amo" Poema de Jorge Reis Sá in "A Palavra no Cima das Águas"

SER FORTE

Sei que não dormiste bem hoje... Por minha causa, filha? Mas porquê, se estou bem? Se estou a zelar por ti, tal como te disse o teu amigo quando te abraçou e te deixou chorar??? Porque tens que chorar, filha e não te preocupes com os outros, sempre a dizerem que tens que ser “forte”... Chora o tempo que quiseres: eu escuto-te. Sei que nem sempre te compreendi, não te deixei voar como devia.... Mas, filha, trataste-me sempre como um rei; deixaste-me partir em paz e com dignidade.... E isso é a melhor prenda que alguma vez me deste..... Em memória do meu Pai 15/6/1922 - 30/7/2011 Poema de minha autoria e dedicado à memória do meu Pai O "Com Amor" ficará em suspenso algum tempo; com a morte do meu Pai, iniciou-se uma nova fase, um novo ciclo de vida. Não é um "adeus"; é um "até breve". Obrigada pela companhia; ajudaram-me... A dor está cá, mas a vossa companhia atenuou-a.

VESTIR

Quero-te, como se fosses a presa indiferente, a mais obscura das amantes. Quero o teu rosto de brancos cansaços, as tuas mãos que hesitam, cada uma das palavras que sem querer me deste. Quero que me lembres e esqueças como eu te lembro e esqueço; num fundo preto e branco, despida como a neve matinal se despe da noite, fria, luminosa, voz incerta de rosa. "Poema de Amor para Uso Tópico" de Nuno Júdice in "Poesia Reunida"   O meu comentário??? Nada é incerto.... Ou é? Não sei.... sei que não te esqueço.... Sei como te quero... Ás vezes, não o sei dizer... Hesito na escolha das palavras e procuro as dos outros... Mas estas são minhas... Não as esqueças.... não as lembres... Veste-as.....

PRESENTE INTENSO

Amei a tua inquietação; e disseste-me que te amei sem saber porquê, que as marés anunciavam o luar que não chegou, que não foi preciso olhar o fundo transparente das palavras para que a sua verdade nos tocasse, que a tua mão colheu o fruto da primeira árvore sem que nada o impedisse. Amei-te sem ter a certeza da manhã, sem ouvir o vento que fez bater as janelas num eco do passado, sem correr as cortinas do mundo para que ninguém nos visse, sem apagar do teu rosto o brilho da vida, enquanto as aves dormiam, e o licor do sonho se derramava sobre os corpos que cortavam a noite. Mas ao seguir o seu rumo, o azul floresceu das cinzas, a música despontou dos silêncios da madrugada, e os teus olhos amanheceram quando me disseste que te amei, sem saber porquê. NUNO JÚDICE O meu comentário???? Amei porque te amei naquele momento.... Com o que tenho de mais precioso.... Porque é assim que eu vivo o amor.... Existe em mim.... Na verdade de quem sou.... Eu, que te amo com a única certeza

ENCAIXE

O gesto mais simples, capaz de ordenar tudo, foi o que não fizemos "Explicatio" de José Mário Silva O meu comentário??? De que nos arrependemos... Porque nada mais havia a dizer, a fazer.... Anda-se às voltas, com longas explicações, planos complicados.... E basta apenas uma palavra... Para que tudo encaixe no seu lugar.... Porque, até o amor tem um lugar...

ENCANTO

Amar Teus Olhos Podia com teus olhos escrever a palavra mar. Podia com teus olhos escrever a palavra amar não fossem amor já teus olhos. Podia em teus olhos navegar conjugar os verbos dar e receber. Podia com teus olhos escrever o verbo semear e ser tua pele a terra de nascer poema. Podia com teus olhos escrever a palavra além ou aqui ou a palavra luar, recolher-me em teus olhos de lua só teus olhos amar. Podia em teus olhos perder-me não fossem, amor, teus olhos, o tempo de achar-me. Carlos Melo Santos, in "Lavra de Amor" O meu comentário??? Ou nada dizer... Os olhos dizem tudo aquilo em que nos perdemos... Uma história verdadeira.... Os olhos encontram-se, encantam-se.... Uma história de amor escreve-se nos olhos.... Falam-te de amor, paixão, desejo, de perdão, de raiva... Ou de uma tristeza tão profunda, da qual podem nunca se despedir.... Mesmo que os ames  com todo o teu ser....

SECRETO

Espelho retrovisor Quando olho para trás, nem sempre sei que tempo se esconde nestes versos. de José Mário Silva O meu comentário??? O teu tempo... O que recordas... O que amas... Os teus pensamentos... Desejos secretos,  talvez.... Não sei.... Tudo o que torna mais feliz.... Porque é o verso que tu escreves... Com toda a tua alma... Com todo o teu coração....

A REALIDADE

A partir daqui, não sabemos nada "Terra incognita" de José Mário Silva O meu comentário??? Sim, o que sabemos realmente??? Atravessamos todo um deserto  à procura de água... De amor, de sabedoria??? De quê??? O que deixamos para trás na realidade??? E o que vamos aprender a partir de agora???

INTRUSA

Bastava-nos amar. E não bastava Bastava-nos amar. E não bastava o mar. E o corpo? O corpo que se enleia? O vento como um barco: a navegar. Pelo mar. Por um rio ou uma veia. Bastava-nos ficar. E não bastava o mar a querer doer em cada ideia. Já não bastava olhar. Urgente: amar. E ficar. E fazermos uma teia. Respirar. Respirar. Até que o mar pudesse ser amor em maré cheia. E bastava. Bastava respirar a tua pele molhada de sereia. Bastava, sim, encher o peito de ar. Fazer amor contigo sobre a areia. De Joaquim Pessoa   O meu comentário??? E esquecer tudo.... Porque nos esquecemos de tudo.... Na areia em que o nosso corpo fica esculpido... Antes da maré cheia, antes da Lua aparecer nua e incidir sobre os nossos corpos.... E nos unir ainda mais...... Porque, hoje, é uma intrusa.... A praia é nossa...  

CHEIRO

Estes pequenos pensamentos são pequenas orações Estes pequenos pensamentos são pequenas orações de fidelidade ao teu corpo. Quem dera que escutasses, destas horas, o cantar do sul, as persianas do vento debaixo das estrelas, os meus passos lá fora sobre a relva, junto a uma imensa rosa de água azul. Está tão quieto o ar. Tão sem ar o ar, que o amor sufoca. A cama tem apenas o aroma dos pinheiros por lençol. Sobre a pele dos mares, a curva dos teus lábios, nenhuma brisa sopra. No umbral da porta a manhã aguarda o teu sorriso, esse jeito de acordar os pássaros do sol. No pequeno jardim, entre as rápidas chamas da sardinheira e o fresco ardor da madressilva, as abelhas procuraram já o teu perfume. de Joaquim Pessoa   O meu comentário???? São os desejos escondidos no vento... Nas folhas que se espalham pelo jardim.... Na tranquilidade do gesto, porque amar-te é a essência da tranquilidade.... Como o jardim é o segredo  da minha inspiração... Onde ouço tudo, todos têm

CALOR HUMANO

Quero-te para além das coisas justas Quero-te para além das coisas justas e dos dias cheios de grandeza. A dor não tem significado quando ma roubam as árvores, as ágatas, as águas. O meu sol vem de dentro do teu corpo, a tua voz respira a minha voz. De quem são os ídolos, as culpas, as vírgulas dos beijos? Discuto esta noite apenas o pudor de preferir-te entre as coisas vivas. de Joaquim Pessoa O meu comentário???? Amar-te simplesmente... Por esse facto.... Que não exige explicações.... Muito menos discussões pela noite dentro.... Em que és meu.... Total, completamente.... Acordada, a dormir, mas sinto-te no meu corpo.... Quero que me olhes.... Que me descrevas, vezes sem conta no teu olhar.... E saibas que quem está nos teus braços.... Não é apenas uma coisa viva.... É puro calor humano....

GLÓRIA

Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo. Teus olhos são da cor do sofrimento. Amor-país. Quero cantar-te. Como quem diz: O nosso amor é sangue. É seiva. E sol. E primavera. Amor intenso. Amor imenso. Amor instante. O nosso amor é uma arma. E uma espera. O nosso amor é um cavalo alucinante. O nosso amor é um pássaro voando. Mas à toa. Rasgando o céu azul-coragem de Lisboa, Amor partindo. Amor sorrindo. Amor doendo. O nosso amor é como a flor do aloendro. Deixa-me soltar estas palavras amarradas Para escrever com sangue o nome que inventei. Romper. Ganhar a voz duma assentada. Dizer de ti as coisas que eu não sei. Amor. Amor. Amor. Amor de tudo ou nada. Amor-verdade. Amor-cidade. Amor-combate. Amor-abril. Este amor de liberdade. JOAQUIM PESSOA O meu comentário??? O meu amor por ti... Eu pessoa, eu País.... Mas nada invento.... Porque eu pessoa, eu País existo.... Por vezes calado, outras em guerra..... Não parto..... não devo partir.... Fico....

LAMENTOS

E só agora tu e eu sabemos da urgência do amor. Polido, sem fissuras de Eduardo Pitta O meu comentário??? E porquê só agora? Porque não antes??? Mas o que era o "antes"? Não importa saber.... Temos que viver o amor... Urgentemente.... Porque amanhã podemos não estar cá.... E ficamos apenas com os lamentos.... Com uma culpa pesada que nunca se separa de nós.....

LEMBRANÇA

A um Jovem Poeta Procura a rosa. Onde ela estiver estás tu fora de ti. Procura-a em prosa, pode ser que em prosa ela floresça ainda, sob tanta metáfora; pode ser, e que quando nela te vires te reconheças como diante de uma infância inicial não embaciada de nenhuma palavra e nenhuma lembrança. Talvez possas então escrever sem porquê, evidência de novo da Razão e passagem para o que não se vê. Manuel António Pina, in "Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança" O meu comentário???? Mas escreve... A tua verdade, a tua loucura... Na poesia das estrelas, na prosa de desafio... Serve-te das tuas lembranças felizes para escreveres feliz... Fazeres sorrir os outros... E neles deixares o teu nome...

VER-TE

Atravesso o bosque de castanheiros pisando o manto das folhas levadas pelo vento no príncipio de outono. Fecho a cancela  de madeira do jardim e lavo o rosto para entrar em casa. Esta noite dormirei à luz das velas se for preciso de Carlos Saraiva Pinto O meu comentário??? Simplesmente... Ver-te..... Esconder-te  o desejo do meu corpo... Mas, ao mesmo tempo, ansiosa por to revelar... Num abraço.... Ao abrigo da brisa de outono... Num suspiro, contra a pele quente do teu peito.... E no olhar, a luz do prazer.... De amar-te...

CINZAS

Pergunta-me se ainda és o meu fogo se acendes ainda o minuto de cinza se despertas a ave magoada que se queda na árvore do meu sangue Pergunta-me se o vento não traz nada se o vento tudo arrasta se na quietude do lago repousaram a fúria e o tropel de mil cavalos Pergunta -me se te voltei a encontrar de todas as vezes que me detive junto das pontes enevoadas e se eras tu quem eu via na infinita dispersão do meu ser se eras tu que reunias pedaços do meu poema reconstruindo a folha rasgada na minha mão descrente Qualquer coisa pergunta-me qualquer coisa uma tolice um mistério indecifrável simplesmente para que eu saiba que queres ainda saber para que mesmo sem te responder saibas o que te quero dizer MIA COUTO Raiz de Orvalho e outros poemas O meu comentário??? Não quero perguntar nada.... Não há respostas ao que é indecifrável... Ao que nos percorre as veias..... Ao que não o sabemos dizer em palavras.... Essas palavras reduzidas a cinzas e esquecidas no nevoeiro cerrado que sobe