VIAGEM SEM FIM

É o vento que me leva.
O vento lusitano.
É este sopro humano
Universal
Que enfuna a inquietação de Portugal.
É esta fúria de loucura mansa
Que tudo alcança
Sem avançar.
Que vai de céu em céu.
De mar em mar.
Sem nunca chegar.
E esta tentação de me encontrar
Mais rico de amargura
Nas pausas de ventura
De me procurar...

"Viagem" de Miguel Torga, Diário XII

O meu comentário???
Uma viagem sem fim...
Nunca nos conhecemos totalmente.....
Nunca dizemos tudo....
Entregamos a vida ao Vento.....
Vagueamos com ele,
libertamo-nos dessa amargura que fica...
Quando tudo desaparece
e ficamos sós....
Chora-se, grita-se, lamenta-se...
E continuamos à procura....
De quê???
Um sentido,
uma palavra de alento,
uma esperança..........
No tempo, na vida....

Comentários

Você me lembrou de um fato: Viemos ao mundo sozinho e sairemos dele também sozinho.
Bela a sua interpretação!
Beijos!...
JB disse…
Que cada dia de 2011 se vista de sorrisos, de alegrias, de esperança...

E sejamos felizes!

Feliz Ano Novo!

Beijinho
Daniel Costa disse…
Marta

Li o teu poema primeiro, com se não
mais nada houvesse, achei óptimo. Depois confrei, sabendo que sou admirador da poesia de Miguel Torga, continuei a achar o teu belo na mesma e muito a propósito.
Bom Ano!
Beijos
MARIA MERCEDES disse…
Quando "corremos" com o vento, somos unos com ele e não o sentimos.
Quando nos opomos, é que damos por ele e sentimos a sua força,
Com o amor, por vezes passa-se o mesmo...

beijinho de Ano Novo,
Maria
Graça Pires disse…
Adoro a poesia de Miguel Torga. O teu comentário a este poema foi lindo: "Entregamos a vida ao Vento.....
Vagueamos com ele,
libertamo-nos dessa amargura que fica...
Quando tudo desaparece
e ficamos sós...." Gostei imenso.
Um beijo e um Bom 2011.

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