Fui um livro… Não sei porque escrevi “fui”, se continuo a ser um livro… Com a capa estragada, é certo; algumas folhas estão rasgadas e amareladas. Estou aqui, abandonado neste sótão… não me lembro por quem… Lembro-me do Sol, dos cheiros e do toque da pele. Lembro-me sobretudo dos suspiros apaixonados, pois sou um romance de cordel, de amores escondidos, traídos, sufocados. Um retrato de uma época que já não existe; hoje, não faz qualquer sentido. É simplesmente um fantasma que eu não sou. Ainda existo; ainda tenho voz e hoje… Hoje alguém me encontrou. Alguém com a pele muito branca, uns olhos verdes muito vivos e cabelo comprido de uma cor que não consigo identificar. Uma rapariga que gritou: “ Uuau! Tantos livros! De quem são?” mas não ouvi qualquer resposta. Ela abriu a janela e o Sol, por quem me apaixonei um dia, voltou a seduzir-me. A rapariga olhou em volta, maravilhada com as caixas de cartão e o mobiliário antigo. Texto (incompleto) escrito em 2010 por MV@MartaVinha...
Comentários
Carpe diem, como o poeta romano Horacius, escreveu. Nos tempos que atravessamos aplica-se totalmente.
Abraço amigo da Maripa.
Disse Fernando Pessoa.
E essa frase ressoa
Dentro da alma de meu ser.
Não sei se vou me perder
Mas enxergo um caminho
Para eu trilhar sozinho
Buscado vida e prazer.
"Tudo é verdade e caminho"! Bela postagem! Abraço fraterno. Laerte.
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Deambulava num sonho inacabado
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Beijo, e uma excelente semana
O passado traz aprendizagem, para que no presente e no futuro, saibamos não nos perder.
Um poema que muito válido para os tempos actuais.
Um beijinho
Fê
Excelente poema, gostei muito.
Continuação de boa semana, amiga Marta.
Beijo.