BASTA


Se eu morrer primeiro do que tu,
salva a ternura que salvei.
Depois, se te doer,
firma o olhar nas ondas mais longínquas do mar largo,
destrói a dor nas lágrimas, e o vento
que te esvoace a saia e o cabelo,
pinheiro firme, cego dos sentidos,
entre as flores silvestres e a espuma...
E o indício de tudo ter passado
(eu, um tempo feliz que se recorda) é sentires o longo, íntimo afago
do marulho do mar, mão pelos cabelos...
de José Fernandes Fafe - Testamento entre os Pinheiros e o Mar
O meu comentário??
Em silêncio, a olhar o mar encontro,
muitas vezes, consolo...
Liberto a minha mágoa, a dor.....
Deixo que o mar me salpique,
o vento me chicoteie com os cabelos,
o sol me torture com os raios....
Choro, grito.....
Depois, estranhamente fico em paz,
já não me sinto tão só e
delicio-me a tentar entender as mensagens.....
Do mar, do vento e do sol.......
E, basta ..........

Comentários

Anónimo disse…
A poesia é umas das formas mais inteligentes de cultura e criatividade, aqui de braço dado e enquadrado com o mais fino gosto. Como intensa foi também esta prosa poética. Óptimo fim-de-semana.
Alexandre disse…
Profundo... este poema faz lembrar a eterna dúvida de quem desaparece primeiro da face da terra... e às vezes os mais novos vão primeiro que os mais velhos, é tão imprevisível nesta coisa tão frágil que chamamos vida....
Bel disse…
Será sempre a eterna pergunta sem resposta.
Um bom carnaval

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