RARA
Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.·
Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço.
Fernando Pessoa
O meu comentário???
Raramente estamos felizes com que escrevemos..
Há sempre um pormenor que podia ser mais trabalhado...
Ser mais perfeito...mais completo....
O infinito é a fantasia que nos completa a alma...
Nos faz sentir ricos....
Em lançarmos a palavra e esta nos ser devolvida com outras que a completam..............
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Para celebrar hoje o meu aniversário, além do vosso comentário ao post acima, gostava que me deixassem um excerto do vosso poema favorito....
Um beijo....
Comentários
Importa que se escreva o que se sente, da forma mais simples...
Não tenho nenhum poema favorito, até porque acho que a toda a hora nascem poemas, e o que teria sido favorito, poderia deixar de o ser...
Fico-me pois pelo imenso amor à poesia. E deixo-te algo em jeito de parabéns :-)))
"Aqui estamos tempo
e aqui te cumprimos."
in Como um Relógio de Areia
de Vieira Calado
Desejo-te um feliz dia.
Parabéns!!!
Beijinhos
bj
Um espelho retêm a beleza
Vi com os olhos fechados
A fúria da minha incerteza
Fecham-se as janelas de poente
Este nevoeiro galga o pensamento
Uma semente solta num ribeiro
Corre no incerto de cada momento
Deixo-te uma doce acalmia
Mágico beijo
Que tenha um resto de dia cheio de alegria e coisas boas...
Aqui deixo o excerto do meu poema preferido:
"Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,~
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando. "
Pensando bem, não tenho nenhum digno desse nome.
De qualquer modo, como "prendinha" de aniversário, deixo-te um excerto de que gostei.
Eu e tu,
somos vampiros ao sol
de olhos fechados
no mel de nós mesmos,
como pássaros a beijar
sementes de sésamo
na fuga ao mito da caverna.
Eu e tu, na verdade,
somos poemas de abraços.
Um abraço e beijinhos para ti.
ontem não percebi que era o teu aniversário, desculpa. tantas vezes tenho lido acima e pensado..."quando for dia 26 tenho que cá vir deixar um beijo". a tua nova teia traiu-me.
quando a preferência... não sei... tanta coisa... as palavras, quando bem usadas, são um dom. gostava de te deixar umas palavras que li e que gostei muito... não as sei de cor. vou tentar procurá-las e voltarei.
para já deixo o beijo e o abraço. daquele que vales muitas palavras.
parabéns
não eram estas mas são bem melhores
"o resto é mar...
é tudo o que não sei contar..."
com amor
Parabéns, com um dia de atraso, mas
não faltei.
Fernando Pessoa - Triste
O teu comentário - Há sempre uma palavra que nos falta, mas ela será completada algures...
Quanto ao excerto escolho um de um dos muitos poemas feitos por mim,
dedicado à minha filha:
_" Mariana Mulher -Menina"
.... De mãos dadas
partilharemos
o mar, o campo, as flores.
e nas asas da ave colorida
voaremos as duas
em sonhar
pelo infinito.
Este é o fim do poema
Um :)
Bem sei que já foi ontem, mas ontem a ligação que tive à net era muito má e acabei por só colocar o meu post.
Primeiro um comentário ao teu post: é impossível ser-se perfeito. Citando o próprio Pessoa, "Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena". As nossas imperfeições, são a marca da nossa humanidade. Reconhecê-las, é a marca da nossa humildade. Construir sobre elas e apesar delas, é a marca de que a nossa "alma não é pequena".
Pedes-me um excerto do meu poema favorito. Bem não sei se é o meu favorito, mas é de certeza um poema que me impressiona (acho que é a palavra que melhor descreve o que sinto quando o leio):
"Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!"
Excerto de Cântico Negro de José Régio
Primeiro que tudo Parabéns, são os meus votos.
Segundo vai ser dificil fazer exactamente o que pedes, pois existem muitos, mas o que mais me marcou e já lá vão muitos anos mesmo é este de Elizabeth Barret Browning, mas não consigo separar apenas uma parte pois amo-o na totalidade, então deixo-o na integra:
Amo-te
Amo-te quanto em largo, alto e profundo
Minh'alma alcança, quando, transportada,
Sente, alongando os olhos deste mundo,
Os fins do ser, a graça entressonhada.
Amo-te em cada dia, hora e segundo:
À luz do sol, na noite sossegada.
E é tão pura a paixão de que me inundo
Quanto o pudor dos que não pedem nada.
Amo-te com o doer das velhas penas,
Com sorrisos, com lágrimas de prece,
E a fé da minha infância, ingénua e forte.
Amo-te até nas coisas mais pequenas.
Por toda a vida. E, assim Deus o quisesse,
Ainda mais te amarei depois da morte.
Elizabeth Barret Browning
Beijos de luz e esperança...