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A mostrar mensagens de janeiro 17, 2010

FALAR AGORA

Contam que em pequenino costumava, Ao ver-me num cristal reproduzido, Beijar a própria boca, em que julgava Ver a boca de alguém desconhecido. Cresci. Amei-a. E tão alheio andava, No sonho por seus olhos promovido, Que em vez de cartas que ela me enviava Eu lia o que trazia no sentido... Rodou o tempo. Estou doente e velho... Agora se me acerco dum espelho... Oh meus cabelos, noto que alvejais... E as cartas dela, se as releio agora, Só vejo por aquelas linhas fora, Palavras e palavras...Nada mais! Poema de Augusto Gil O meu comentário??? Com os quais já não sonho... Não lhes descubro o sentido... Já nem sei se amei ou mesmo o que é o amor... E, o espelho é impiedoso... Ou terei sido eu quem se esqueceu de olhar? E decifrar no reflexo as verdadeiras palavras.... O prazer do beijo, da paixão, do amor... Não falam comigo agora???