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A mostrar mensagens de abril 10, 2011

PÃO

vais ver há-de romper uma noite em que nem seremos capazes de reconhecer a nossa própria voz perguntando pelo nome que fugiu da nossa boca e ao estendermos as mãos sobre a toalha da mesa do jantar será apenas o cheiro do pão quente a ficar  remotamente  entre os dedos e uma jarra sem flores a tentar decifrar a ausência de quem nos amava e um choro a abandonar-nos naquele momento em que o fim do verão nos explicava tudo. de Alice Vieira O meu comentário??? O "tudo" que passou a ser "nada"... Um "nada" sem voz, um "nada" ausente... O fim do verão é o fim da distância... Esse distância que não se explica.... Porque já se amou e não se volta a amar assim... Aquela será a última conversa... Naquela mesa, com aquela toalha que ficará esquecida, na gaveta, rejeitada, culpada por ter ainda o cheiro do pão entranhado. ..

MAPA DO TESOURO

Uma declaração de amor não é acontecimento de domínio público, uma baleia que vara na praia sob o sol dos desastres e convoca multidões, desalinhando hábitos quotidianos: uma declara- ção de amor é um acto de grande intimidade que ergue um véu transparente de onde brotam mel e pássaros azuis. As palavras directas ou indirectas, ditas ou escritas, suscitam a carícia única, irrepe- tível, a leve percussão que desenha no silêncio a imagem de quem se ama. E assim terá de se guardar. Num lugar seguro onde os sismos não possam encontrar o mapa de tesouro de Egito Gonçalves O meu comentário??? O meu lugar seguro é o meu coração... Onde escrevo tudo... As palavras que já te disse, as que pensei dizer-te hoje... E as que não vou repetir amanhã, porque fiquei em silêncio... Com o beijo carinhoso e suave com que fechaste o meu dia... A noite pode ser azul e doce.... Mas ignoramos tudo..... Mesmo o mapa do tesouro.... Sabemos perfeitamente onde estamos...

PERFUME DA NOITE

As formas, as sombras, a luz que descobre a noite e um pequeno passáro e depois longo tempo eu te perdi de vista meus braços são dois espaços enormes os meus olhos são duas garrafas de vento e depois eu te conheço de novo numa rua isolada minhas pernas são duas árvores floridas os meus dedos numa plantação de sargaços a tua figura era ao que me lembro da cor do jardim. "Z" de António Maria Lisboa O meu comentário??? Porque insistes em falar em solidão??? Se a noite se cala e nada mais há a dizer... Esquecer???? Não é fácil, pois não??? Com tantas memórias escritas em coisas tão simples... Como o perfume da noite ou árvore que floresce.... A vida parece mesmo vazia.... Mas estará realmente????