ESPAÇO

eu gostava de poder dizer
que entrei no teu corpo com um passáro
espreitando de invisíveis ruínas
e que o som da tua voz bastava
para me salvar

mas de nada serve inventar palavras
quando as palavras que inventamos
não passam de frágeis lugares de exílio
de gestos inventados fora de horas
delimitando o espaço de tantas mortes prematuras
de que jurámos ressuscitar um dia

- quando os deuses se lembrassem
de acordar ao nosso lado

De Alice Vieira

O meu comentário???
Raramente os deuses acordam...
Raramente esquecemos certas palavras
que nos exilam da realidade...
Matam-nos aos poucos...
Nada nos salva....
Nem as memórias
de amor...
Porque alguém deixou de amar
ou nunca se soube como amar....
Há muita coisa que eu gostava de dizer....
Não tenho a certeza,
porém,
se não comprometerá o espaço
e esse exílio
não será completo....

Comentários

Sandra Subtil disse…
Obrigada por dares a conhecer poesia maravilhosa. Desconhecia este poema de Alice Vieira e amei.
Beijinho
Álvaro Lins disse…
Quando quero ler boa poesia e comentada, venho cá!
Bjo
tecas disse…
Lindo o poema de Alice Vieira,
« quando os deuses se lembrassem
de acordar ao nosso lado»
Excelente o seu, querida Marta.
Dificilmente os deuses acordam e certas palavras não se esquecem...
Bjito e uma flor.
PS:No dia 28 de Maio é o lançamento do meu livro Pleno Verbo,seria para mim uma honra a sua presença, pois gostava de a conhecer. Coloquei no meu blog o convite e um poema, não sei se fiz bem:)

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