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NUDEZ

Porque me despes completamente sem que eu nem perceba... E quando nua por incrível que pareça sou mais pura... Porque vou ao teu encontro despojada de critérios... liberto os mistérios sem perder o encanto do prazer.. Porque quando nua sou unica e exclusivamente tua. Poema de Isabel Machado O meu comentário??? Ao teu encontro é que eu me encontro.... Encontro-te no prazer com que o meu corpo sonha, com que se sente e te sente, em que navega... Nem o meu nome é importante.... Estou feliz.... Está tudo a mais - sapatos, roupas, bugigangas... Tudo o que o meu corpo quer... Tudo o que o meu corpo te oferece.... Tudo o que o meu corpo te diz.... Escreve-se na tua nudez entrelaçada na minha..........

AMARGURA

Devagar, como se tivesse todo o tempo do dia, descasco a laranja que o sol me pôes pela frente. É o tempo do silêncio, digo, e ouço as palavras, que saem dentro dele, e me dizem que o poema é feito de muitos silêncios, colados como os gomos da laranja que, descasco. E quando levanto o fruto à altura dos olhos, e o ponho contra o céu, ouço os versos soltos de todos os silêncios entrarem no poema, como se os versos fossem os gomos que tirei de dentro da laranja deixando-a pronta para o poema, que nasce quando o silêncio sai de dentro dela. "O som do silêncio" de Nuno Júdice (Livro "Guia de Conceitos Básicos") O meu comentário??? Sim, reconheço o silêncio... Nem sempre escrevo nele poemas. As palavras ficam absurdas e o poema oco... Deixo frases soltas na brisa que o silêncio devolve... Somos velhos companheiros e conhece-me tão bem... Se não escrever hoje, se nada me soar coerente... Ele perdoa-me.... Se o encher de cores e de cheiros, ele sabe que estou feliz.... A...

NADA O IMPEDE

O corpo não espera. Não. Por nós ou pelo amor. Este pousar de mãos, tão reticente e que interroga a sós a tépida secura acetinada, a que palpita por adivinhada em solitários movimentos vãos; este pousar em que não estamos nós, mas uma sede, uma memória, tudo o que sabemos de tocar desnudo o corpo que não espera; este pousar que não conhece, nada vê, nem nada ousa temer no seu temor agudo. Tem tanta pressa o corpo! E já passou, quando um de nós ou quando o amor chegou. "O corpo não espera" - Poema de Jorge de Sena O meu comentário??? Como a vida... Nada espera... A pressa em conhecer, em amar... Para quê fazer perguntas? Para quê esperar respostas? O amor num minuto, a noite horas... O dia num quadro feito de luz e sons... O corpo absorve tudo.... Deixa-se amar por tudo, fica ainda mais brilhante.... Porque cresce em amor, vive no amor, regressa sempre ao amor.... Nada o impede...... Por isso... esperar para quê???

ENTREABERTA

Um beijo em lábios é que se demora e tremem no abrir-se a dentes línguas tão penetrantes quanto línguas podem. Mais beijo é mais. É boca aberta hiante para de se encher ao que se mova nela. É dentes se apertando delicados É língua que na boca se agitando irá de um corpo inteiro descobrir o gosto e sobretudo o que se oculta em sombras e nos recantos em cabelos vive. É beijo tudo o que de lábios seja quanto de lábios se deseja. "Beijo" - um poema de Jorge de Sena O meu comentário??? O que se move nessa boca entreaberta? O desejo, a sedução, a provocação que contorna a boca, busca a língua, exigente. Abandona-se o corpo a esses gemidos que reclamam os lábios... Húmidos, cheios, doces.... Nada está oculto nesse beijo que percorre o corpo.... Está tudo dito... e não desaparece.... A língua ainda o procura quando abre os dentes e volta a desenhar os lábios.... Esses lábios que continuam húmidos, cheios e doces da ternura desse beijo.

QUE SEJA TUDO

Esquecerás, meu amor, a minha face, meu cavalo de fogo, meu navio, e arderás no lume que perpasse na angústia sepultada em cada rio? Ver-te-ei, louca e pura, dizer: Dá-se um cavalo de fogo e um navio a quem me recordar a sua face - mas não mais me acharás no longo rio? Estrada sem memória no areal, frase uma vez só dita, ou bem ou mal, em mim a porta, amor, em ti a chave. Toma-a...E abre ou fecha essa porta ardente de vez...Quero saber se esta semente ainda será vento, flor ou ave. Poema de Papiniano Carlos O meu comentário??? Que seja tudo.... A ave que voe com o Vento... Que beije a flor... Com amor.... Porque o amor é realmente louco.... Vive de sonhos leves.... é essa ave que foge connosco... Leva o nosso riso ao Vento e à flor orgulhosa.... Que renasce pura e verdadeira.... Seja no areal, à sombra da árvore... Ou num jardim... à beira de um lago... Para que haja sempre sonhos e loucuras...

DEGELO DE INVERNO

No suspenso limite da eternidade, Escuto teus ecos. Invoco a centelha adormecida Nas cinzas do degelo. (Ó louco poeta abafa a tua voz). Quando te sinto, Inverto o meu mundo. Tudo muda quando existes. (Encontro-me em teu encanto) Se a felicidade é o tempo em que te sonhei, É na saudade de ti, que para sempre estarei. "Tudo Muda Quando Existes" de Filipe Campos Melo, Livro "Na Utopia Sou Profeta" O meu comentário??? Não me sonhes.... se eu existo, encontra-me.. Não abafes a tua voz nem o teu sonho... A saudade???? Nem fales dela.... Porque eu também te encontrei no meu mundo... A porta está aberta.... à espera dos teus sonhos, dos teus desejos.... Para encantarem os meus.... Para dançarem comigo e suspirarem na minha voz.... Nesse degelo do Inverno... Na eternidade de quem vive em pleno...

NÃO SE PERDOA

Aos trinta e sete anos do teu corpo Às vinte e quatro horas da tua carne E ao desejo que, à vezes, é tão pouco E ao amor que, mesmo assim, ainda arde. Ao ciúme da tua boca, quando calas Ao silêncio dos teus olhos, quando choras E aos teus braços nus, quando me abraças E ao teu ventre, que é tão breve quando parto. E às tuas esperanças vãs, que eu alimento E ao ópio do teu sonho onde me tardo E a ti onde, afinal não aconteço.. Poema de Fernando Tavares Rodrigues O meu comentário??? E à suavidade com que me despeço de tudo... As palavras que devia ter dito... Ás ilusões e sonhos que tive e nunca realizei... Confissões que ainda guardo no coração... Porque te amei.... Não pensei que te amei... amei-te verdadeiramente... Só que me perdi no tempo e isso não se perdoa... Existo, sim, mas não em ti....